sábado, 22 de dezembro de 2012

Prova de vinhos do Dão - António Narciso

Ocorreu no dia 1 de Setembro no restaurante "O Pote Velho" no Porto este almoço vínico dedicado à prova de vinhos do Dão da autoria do enólogo António Narciso. Este evento épico foi organizado pelo blogger Sérgio Lopes, tendo acabado por se prolongar para o jantar ao qual se juntaram os produtores das várias quintas com vinhos presentes.
Foram mais de 30 os vinhos apresentados, distribuídos por várias casas para as quais António Narciso trabalha:
Chegámos por volta do meio dia, e já estavam as garrafas de tinto abertas em duas fileiras, prontas para entrar em ação.
Entretanto o senhor do restaurante arranjou 2 ou 3 grandes taças metálicas e o Sérgio chegou com o gelo, e lá foram abrindo as garrafas de branco.
Os últimos convidados apareceram e estava tudo a postos para começar esta viagem pelos vinhos do Dão. Éramos poucos mas bons, e sentámo-nos à mesa de onde não sairíamos tão cedo.

A prova foi sempre comentada pelo enólogo, que nos foi apresentando os vinhos sucessivamente, enquanto os petiscos não paravam de aterrar na mesa. Fomos muito bem servidos no restaurante Pote Velho, numa maratona gastronómica onde não faltaram uns queijos assados e uns pimentos padrão. Foram muitas entradas e vários pratos principais. Tinha de ser, para acompanhar aquela quantidade de líquido.
Não me foquei muito na comida, mas lembro-me que estava tudo muito bom e adequado aos vinhos que iam sendo servidos. Apreciei essa preocupação em harmonizar a comida com os vinhos e acho que foi bem conseguida, apesar de não ser tarefa fácil dada a variedade e quantidade de vinhos que estavam em prova. Parabéns pelo excelente serviço.

Os vinhos provados estavam todos num patamar de qualidade bastante elevado, e mais uma vez mostraram que temos grandes vinhos no Dão, tanto tintos como brancos, com especial destaque para a uva branca "Encruzado", e para a uva tinta "Touriga Nacional".
Estas duas castas no Dão exprimem-se de uma forma particularmente feliz, dando origem a vinhos tremendos, intensos e elegantes, e com grande capacidade de envelhecimento.
Mesmo no caso dos brancos vale a pena guardá-los que ganham complexidade e não perdem frescura. Um dos melhores brancos nesta prova era de 2006 e estava para durar.
Seguem as impressões pessoais registadas na altura. As notas vão estar divididas entre Frederico Santos (FS) e Carlos Amaro (CA), os elementos do blog presentes na prova.

Começámos pelos brancos, com destaque para os monocastas de Encruzado.


Casa Aranda - Colheita Branco 2010
- nariz intenso, citrino, fresco, muito mineral, algo metálico.
- na boca é muito fresco, gastronómico, muito equilibrado
FS: 15,5+
CA: 15,5

Quinta da Fata - Encruzado 2011
- reflexos dourados
- nariz discreto, floral, relva cortada, pessego, melado
- boca muito equilibrada, fruta de caroço, untuoso, e mineral, com bom final
FS: 16
CA: 16

Barão de Nelas - Encruzado 2011
- côr amarelo palha
- nariz discreto e elegante, mais frutado e tropical do que os anteriores
- boca suave e elegante, final com ligeiro especiado
FS: 16
CA: 15,5

Casa Aranda - Encruzado 2010
- nariz mais intenso e complexo que os anteriores, fruta (pêssego, citrino), mineral e herbáceo, com aromas a tília e chá branco
- corpo com estrutura, untuoso, mas com fruta e boa frescura. Final longo
FS: 16,5
CA: 16,5

Quinta das Marias - Encruzado 2010
- nariz exuberante e fmuito fresco, pessego, floral, complexo, tostados
- boca bem equilibrada, extremamente elegante, mineral, especiarias, final algo curto
FS: 16
CA: 16

Quinta Mendes Pereira - Encruzado 2010
Este vinho teve 1 ano de battonage
- côr ligeiramente mais carregada que os anteriores
- nariz muito complexo e intenso, gordo, notas de tosta, chá de tília, frutos secos e uma boa acidez a dar equilibrio
- na boca é untuoso, equilibrado, fresco,com notas tostadas, final longo
FS: 16,5
CA: 16,5

Quinta das Marias - Encruzado 2010 (fermentado em barrica nova)
- nariz exuberante, com barrica ainda bem presente, tosta, baunilha, pessego
- boca fantástica, muito elegante. Precisa de tempo para integrar a madeira.
FS: 16
CA: 17

Casa Aranda - Branco 2006
- côr mais carregada
- nariz muito complexo, glicerina, floral, chá branco, tosta
- boca muito elegante e complexo, encorpado, fosforo, iodo, baunilha, fruta caroço
FS: 16,5
CA: 17

Em seguida fizemos um rápido vôo pelos Rosés.

Fonte de Gonçalvinho - Rosé 2010
(Touriga Nacional + Aragonês)
- côr rosé normal
- nariz correto, morangos, fresco, boa acidez
- boca muito leve, fresca, morangos, com final mediano
FS: 15,5
CA: 15

Quinta das Marias - Rosé 2010
(Jaen)
- côr atijolada
- nariz mais complexo, fruta madura, mineral
- boca equilibrada, com final adoçicado
FS: 15
CA: 15

Quinta Mendes Pereira - Rosé 2010
(Touriga Nacional)
- côr mais carregada, violeta
- nariz frutado, morango
- boca encorpada, com bom final, mais seco do que os anteriores
FS: 16
CA: 16


E finalmente fomos para os tintos, começando pelos colheitas normais.


Fonte de Gonçalvinho DOC 2009
- côr opaca
- nariz floral, fruta madura
- boca ligeiramente adstringente, muita fruta, bom final
FS: 15,5
CA: 15,5

Quinta da Fata - Lote 2008
(Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro, Tinta Roriz)
(também chamado "Clássico 2008")
- nariz resinoso, fruta, floral, perfil austero
- boca elegante e equilibrada, vegetal, fresco
- final muito persistente
FS: 16,5
CA: 16,5

Casa Aranda - Tinto 2008
- côr opaca
- nariz balsâmico, mentolado, alecrim, fruta madura, algum fumo
- boca suave e intensa, frutado, especiarias
- bom final
FS: 16,5+
CA: 16

Quinta das Marias - Lote 2010
- côr retinta
- nariz complexo, floral, balsâmico
- boca ligeiramente adstringente, muito fresco, frustos do bosque e especiarias
- final longo
FS: 16
CA: 16

Passámos aqui para os reservas tintos.

Barão de Nelas - Reserva 2008
- côr retinta
- nariz balsâmico, mtuita fruta madura, cereja preta, especiarias
- boca com fruta madura, boa estrutura e intensidade
- bom final
FS: 16,5
CA: 16

Quinta da Fata Reserva 2009
- nariz com muita fruta, bastante vegetal
- Muito encorpado, boca ligeiramente adstringente, acidez, fruta madura
- muito bom final
FS: 16,5
CA: 16,5

Casa Aranda - Reserva 2007
- côr retinta, escuro
- nariz complexo, algo fechado, algum fumo, mentolado, notas de couro e alguma fruta
- boca mais rustica, mas com acidez bem incorporada no corpo do vinho
- bom final, prolongado
FS: 16,5
CA: 16,5

Barão de Nelas - Alfrocheiro 2007
- nariz algo balsâmico, muita fruta, fresco
- boca com bastante fruta, um pouco enjoativa, devia ter mais frescura
FS: 15
CA: 15,5

Quinta das Marias - Alfrocheiro 2010
- muito bom nariz, fruta fresca, muitas especiarias
- FS: boca enjoativa para o meu gosto (é bom mas agoneia, como diria o meu avô)
- CA: muito elegante, boca com fruta presente, especiarias, acidez no ponto a equilibrar o fruto
FS: 16
CA: 16

FS: Não apreciei muito os vinhos desta casta Alfrocheiro a solo, é preciso gostar, ou talvez seja um gosto a adquirir.

Quinta Mendes Pereira - Reserva 2007
(Touriga Nacional + Tinta Roriz)
- aromas florais, vegetal
- boca suave e muito redonda, intenso
- final mediano/longo
FS: 16,75
CA: 16,5

Barão de Nelas - Reserva 2007
(Touriga Nacional + Aragonês)
- nariz equilibrado e intenso
- boca equilibrada, boa estrutura, fruta madura, especiarias
- bom final medianamente prolongado
FS: 16,5
CA: 16,5

Casa Aranda - Reserva 2007
(Touriga Nacional + Aragonês)
- bom nariz, complexo, floral, frutos do bosque
- boca equilibrada, fruta, floral, especiarias, chocolate
- final muito persistente
FS: 16,5
CA: 17

Quinta das Marias - Cuvée TT - Reserva 2010
- côr opaca e densa
- nariz muito concentrado, a fruta, especiarias e alguma vegetal
- boca bem equilibrada, elegante, fruta madura, especiarias
- final muito longo e concentrado
FS: 17
CA: 17,5

Seguiram-se uns Touriga Nacional.

Barão de Nelas - TN 2007
- Cor completamente opaca
- aromas de floresta, cogumelos, floral, violeta
- boca elegante, fruta madura, floral
- final moderado, toque adstringente, muito equilibrado
FS: 17
CA: 16,5

Quinta da Fata - TN 2009
- opaco, retinto, grená
- nariz brutal, intenso e complexo, fruta, vegetal, resina,
- boca muito equilibrada, grande estrutura, frutos do bosque, complexo
- com estrutura para durar
FS: 17,5
CA: 17,5

Quinta das Marias TN Reserva 2010
(3600 garrafas)
- nariz intenso, ao nivel do anterior
- boca mais fresca, tem bom final com toque especiado
- cresce no copo
FS: 17,5
CA: 17

Quinta Mendes Pereira TN 2005
- retinto
- nariz muito complexo, aromas terciários, especiado, herbáceo, frutado
- boca com muita frescura, couro, fruta, tosta, tudo em grande equilíbrio
FS: 17,5
CA: 17,5

Quinta Mendes Pereira - Escolha da Produtora 2006
(TN, Jaen, Alfrocheiro)
- côr translucida-ruby
- nariz riquíssimo
- boca firme e redonda
- final muito prolongado
FS: 17
CA: 16,5

Barão de Nelas - Reserva 2004
- nariz muito intenso e complexo, químico, especiado
- boca muito equilibrada, fruta ainda presente, com final interminável
Nota: 17,5
CA: 17,5

Quinta Mendes Pereira - Garrafeira 2004
- nariz rico, especiado, herbáceo
- boca muito rica e equilibrada, com grande final
FS: 17,5+
CA: 17,5


Fonte Gonçalvinho - Tinta Roriz 2010
- nariz com tostados, algumas ervas aromáticas, frutos secos
- boca firme e elegante
- final prolongado
- algo magro, num registo mais em elegência
FS: 16,5
CA: 16,5

Inconnu - 2010
Fonte de Gonçalvinho
- algo exótico no nariz, floral, violeta,
- boca especiada, fruta, elegancia, muito equilibrado
- final muito prolongado
FS: 16,5
CA: 17,5

Estes vinhos são muito bons, vinhos bem feitos que dão prazer a saborear, e não são nada caros, muitos deles com pvp abaixo dos 5 euros.
Os meus preferidos (FS) no geral foram os Casa Aranda e os Quinta Mendes Pereira, mas é uma questão de gosto pois eram todos bastante bons.
Parabéns ao enólogo que vai no bom caminho.

Fica assim registado este evento que foi uma honra ter presenciado.
Pelos vinhos fantásticos, pela comida deliciosa, e sobretudo pela agradável companhia.

Frederico Santos
Carlos Amaro

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tons de Duorum Tinto 2011


Tons de Duorum Tinto 2011
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Região: Douro
Teor Alcoólico: 13,5%
Produtor: Duorum Vinhos, SA
Preço: 3,99€


Prova da nova colheita do Tons de Duorum Tinto.
Aroma dominado pelos frutos vermelhos de amoras e framboesas, com especiarias bem integradas e algumas notas florais. Tudo muito arrumado no nariz.
Na boca, é ainda mais apelativo do que no nariz, taninos vivos mas suaves, com a fruta presente junto das especiarias, tudo amparado por uma bela acidez.
Tem vindo a melhorar de ano para ano e esta é para mim a melhor edição de sempre deste vinho, a uma fantástica relação qualidade-preço.
Uma das minha referências abaixo dos 4€.
Nota: 16
Carlos Amaro

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vila Santa Reserva Branco 2011


Produtor: João Portugal Ramos
Região: Alentejo
Castas: Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc


Nova edição do Vila Santa Reserva branco, equipado com a nova roupagem dos vinhos do produtor.
Começa por chamar a atenção devido às castas utilizadas, num conjunto não comum no Alentejo a criar uma curiosidade extra na prova: é feito com Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc (parte estagia em madeira).
Nariz não demasiado exuberante, com citrinos e notas tropicais, fresco, notas de madeira muito bem integradas, sem se sobrepor ao resto.
Na boca é elegante, com as mesmas notas cítricas e de algum fruto tropical, apontamentos vegetais e notas de madeira em segundo plano. Mineral e fresco, tem um final longo.
Está um vinho muito interessante, com o preço adequado para a qualidade apresentada.
Preço:10€
Nota: 17

Carlos Amaro

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Quinta da Lixa

Esta quinta situa-se na região do vinho verde, mais propriamente a norte de Amarante, a caminho de Guimarães.
É uma sociedade agrícola desde 1998, altura em que passou a gerir 10 hectares de vinha, e tem um longo passado ligado ao vinho, fruto da paixão pelo vinho verde da família Meireles que já era proprietária de vinhedos ao redor da vila da Lixa.

Os vinhos provados (cedidos pelo produtor, diga-se) foram surpreendentemente bons, face ao preço de venda ao público apresentado.

Terras do Minho - Rosé 2011
(100% Touriga Nacional)
Frederico Santos
- côr rosada escura (sumo de morango)
- nariz agradável, frutado qb, a lembrar morangos e framboesas
- boca muito fresca, final curto e especiado
Nota: 16

Carlos Amaro
Bonita cor rosada, brilhante. Nariz a frutos vermelhos, com morangos em destaque, algum floral, num conjunto fresco.
Boca fresca, novamente morango alguma acidez. Final curto.
Nota: 15

Quinta da Lixa Branco 2011
(Loureiro, Trajadura, Alvarinho)
Frederico Santos
- côr citrina
- nariz ligeiramente frutado, herbáceo, bastante aromático e agradável.
- boca fresca e equilibrada, final curto
Nota: 16

Carlos Amaro
Nariz frutado, com notas tropicais (maracujá), e carácter floral.
Muito fresco na boca, bela acidez, com notas de citrinos. Bastante elegante.
Nota: 15

Aromas das Castas 2011
(Alvarinho, Trajadura)
Frederico Santos
- côr citrina, com tons de dourado
- aroma frutado, pêssego, mineral
- boca muito elegante, com algum comprimento
- para beber novo
Nota: 16

Carlos Amaro
Mais elegante que o anterior, frutado, pêssego, bastante floral e mineral.
Boca muito elegante, com fruta tropical e pêssego, acidez viva e mineral.
Nota: 15,5

Alvarinho Pouco Comum 2011
(Alvarinho)
Frederico Santos
- côr citrina
- nariz complexo e equilibrado, herbáceo
- boca intensa e elegante, com final prolongado
Nota: 16,5

Carlos Amaro
Aroma intenso, a citrinos, algum tropical, notas florais, boa mineralidade.
Na boca tem boa estrutura, notas tropicais e cítricas, muito fresco e mineral. Final longo e complexo.
Muito bom vinho numa bela relação qualidade-preço
Nota: 16,5

Todos os vinhos apresentaram uma qualidade acima da média, proporcionando muito prazer a sua degustação. Não são aqueles verdes gaseificados e muito ácidos, são vinhos muito bem conseguidos e equilibrados, e o preço é convidativo, não ultrapassando os cinco euros por garrafa.

A Quinta da Lixa - Sociedade Agrícola é um produtor com todas as condições para o sucesso, apostando na qualidade e na escala, mantendo os preços acessíveis. Apresenta nestes vinhos um trabalho sério de enologia capaz de satisfazer apreciadores mais exigentes, valorizando esse produto nacional que é o vinho verde, que pela sua identidade muito própria tem potencial para vingar no mercado internacional.
"Lixa" talvez não seja um nome muito apelativo para um vinho, mas desengane-se quem subestimar estes vinhos pelo rótulo ou pelo preço.

Dócil 2011


Dócil 2011
Região: Vinhos Verdes
Castas: Loureiro
Álcool: 11º

Este vinho faz parte da gama dos projetos de Dirk Niepoort. Nesta caso trata-se de um vinho 100% Loureiro produzido na região dos Vinhos Verdes.
Até 2009 este vinho chamou-se Girosol, tendo mudado entretanto de nome para Dócil.
No aroma é delicado, com notas florais e cítricas, bastante mineral. Sem ser muito exuberante, aposta pela via da elegância.
Noa boca, faz juz ao nome dócil. Muito fresco, aromático, com boa presença da fruta, acidez viva.
Final de boca elegante, médio comprimento. Excelente vinho de verão, será muito boa companhia para marisco.
Nota positiva para os apenas 11º de alcool.

Nota: 16
Preço: 7.50€

Carlos Amaro

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Redoma Rosé 2011

Produtor: Niepoort (Vinhos) S.A
Castas: 30%Tinta Amarela, 20%Touriga Franca e 50% outras
Fermentação: Barricas novas de carvalho Francês
Alcool: 12º

Um rosé diferente da maioria, este é fermentado em barrica e proveniente de vinhas mais velhas (entre 30 a 60 anos).
Nota-se essa diferença, é um rosé menos direto, um pouco mais austero. Aroma intenso a fruta vermelha (morangos, groselha), notas de ervas e especiarias, e um mineral excelente. Complexidade acima do comum para este tipo de vinhos.
Muito bem na boca, encorpado, com boa estrutura, muita fruta e frescura, é um rosé intenso e com final prolongado e elegante.
É um rosé claramente mais virado para a mesa do que para simplesmente beber sozinho.
Gostei muito.

Nota: 16
Preço: 7,50

Carlos Amaro

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Loios tinto 2011


Nova edição do Loios tinto, vinho de entrada de gama do produtor João Portugal Ramos.
Já há algumas colheitas que não provava este vinho, pelo que estava curioso em saber como andava.
Aroma a frutos vermelhos bem maduros, notas vegetais e frescas.
Na boca, é fresco e bastante vegetal, com fruta integrada no conjunto. Taninos bem presentes, fica um travo final das notas vegetais e da acidez.
É um vinho bem diferente da maioria dos entrada de gama do Alentejo. Menos redondo, sem aquele estilo mais direto e fácil de gostar, tem um estilo mais verde e vegetal com taninos a aparecerem mais.
Pode não ser de gostos mais imediatos, mas por mim gostei do estilo, e já agora do preço.

Preço: 2.99
Nota: 15

Carlos Amaro

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Conde de Vimioso Rosé 2011


Agora que estamos no verão (embora às vezes não pareça), apetecem vinhos mais frescos, e este é um deles.
Feito de Touriga Nacional e Syrah, apresenta uma bonita cor rosada.
Está muito bem no nariz, com morangos e framboesas, típicos de rosés aqui combinados com notas florais, mas bem fresco, nada enjoativo como alguns rosés mais açucarados.
Bem também na boca, cheio de frutos vermelhos, e com acidez e frescura a tornarem o final agradável.
Rosé muito convidativo, num estilo mais seco, que é o que mais me agrada.
Além disso tem uma muito boa relação qualidade preço, o que faz dele uma excelente compra para o verão.

Nota:15

Carlos Amaro

Diálogo Branco 2011


Produtor: Niepoort (Vinhos) S.A.
Castas: Rabigato, Codega do Larinho, Gouveio, Dona Branca, Viosinho, Bical e outras
Fermentação: Cubas de aço inox e Barricas de carvalho francês
Estágio: Cubas de aço inox (75%) e Barricas de carvalho francês (25%)
Álcool: 13.4

Versão branca do Diálogo, depois de ter provado o tinto.
Apesar de não ser esta a colheita de estreia no branco, foi a primeira versão deste vinho que provei.
Bastante contido no aroma, tem carácter mineral, aromas a citrinos, algum floral e ainda alperce. A fruta é um pouco pesada, mas o mineral consegue compensar.
Na boca, ao inicio parace um pouco gordo em demasia, com açucar a mostrar-se no final. Tem as mesmas notas de alpece e citrinos que surgem no nariz.
Após algum tempo de abertura, o doce no final melhora, e aparece mais fresco e mineral.
Não gosto tanto como do irmão tinto, mas é um vinho interessante para o verão.
Nota: 14,5

Carlos Amaro

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Diálogo 2010




Produtor: Niepoort (Vinhos) S.A
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela e outras
Fermentação: Cubas inox
Estágio: 14 meses em barricas de carvalho Francês, tonéis e balseiros (25%) e em Inox (75%)
Álcool: 13.11


Nova edição do Diálogo, na colheita de 2010.
Este vinho, pelo seu rótulo peculiar, com uma tira de BD, obriga a que se leia antes de provar. Continua portanto um rótulo muito bem conseguido, a chamar a atenção.
Falando do vinho, aroma apelativo e direto, com predominancia de frutos vermelhos, algum floral, notas de pimenta e toque mineral.
Muito equilibrado e convidativo na boca, frutado, com muita frescura, é um vinho que se bebe com muito agrado. Final de bom comprimento.
Bela aposta da Niepoort para a sua gama de entrada.

Nota: 16
Carlos Amaro

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Marquês de Borba Branco 2011


Castas: Arinto, Antão Vaz, Verdelho, Viognier
Teor Alcoólico: 12,5%
Produtor: J. Portugal Ramos

Depois de provado o tinto, segue agora a nova colheita do Marquês de Borba branco.
Vem com a mesma imagem renovada do irmão tinto e dos Loios já provado no blog.
Bonita cor citrina, agradável à vista. No nariz, notas citrinas e algum mineral.
Na boca, tem alguma estrutura, novamente fruta e uma acidez vincada que o torna um bom vinho para o verão. Persistência média.
Para o meu gosto pessoal está talvez um furo abaixo da versão tinta, mas não deixa de ser um belo vinho a um preço convidativo.

Nota: 15
Preço: 5€

Nota: vinho gentilmente cedido pelo produtor.

Carlos Amaro

domingo, 15 de julho de 2012

Marquês de Borba 2011 Tinto


Castas: Alicante Bouschet, Aragonez, Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon
Teor Alcoólico: 14%
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos, SA

Nova colheita deste vinho, que é talvez o mais conhecido do produtor João Portugal Ramos.
O lançamento desta colheita de 2011 coincide com o lançamento de nova imagem para todos os vinhos da empresa.
Cor rubi muito concentrada,com bonitas nuances violeta.
Nariz intenso a frutos silvestres, com destaque para as amoras e notas compotadas. Toque de especiarias e madeira bem integrada.
Na boca tem uma boa estrutura, frutado, suave e fresco. Taninos suaves e um final longo.
Em suma, é um vinho muito agradável e  fácil de beber, continua com a boa relação qualidade-preço dos anos anteriores, sendo uma daquelas marcas que ao longo dos anos se mantém como uma das melhores apostas para esta gama média dos 5€.

Nota: 16
Preço: 5,50€

Nota: vinho gentilmente cedido pelo produtor.

Carlos Amaro

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ervideira Invisível 2011


Já tinha ouvido falar deste vinho há algum tempo. Hoje lá calhou prová-lo, e em boa hora o fiz.

Trata-se de um vinho branco feito com uvas tintas da casta Aragonês, também conhecida como Tinta Roriz.

Apresenta uma surpreendente falta de côr, o que lhe confere um ar distinto.
O nariz revela alguma intensidade, onde sobressai o aroma de fruta exótica madura, talvez líchias, pois fez-me lembrar um Sauvignon Blanc da Nova Zelândia.
Na boca é um vinho elegante e delicado, mas firme na acidez, com um equilíbrio muito bem conseguido.
Tem um bom final ligeiramente para o adocicado.

Diria que é um vinho fácil de gostar. O preço é cerca de 10 euros, e encontra-se em boas garrafeiras.
Recomendo-o para agradar a uma companhia feminina num jantar romântico. É um vinho fora do vulgar e elegante. Ganham pontos logo pela côr do vinho, e o rótulo está bem conseguido, com as letras invisíveis em baixo relevo.
Acompanhou muito bem uma massinha de salmão fumado com tomate seco, e é capaz de ser um bom parceiro para pratos de verão, leves mas com sabor.

Nota pessoal: 16,5

Frederico Santos

domingo, 10 de junho de 2012

Loios Branco 2011


Está já no mercado o novo Loios Colheita 2011, que vem com uma imagem renovada, mais moderna e atraente.
 Este é um vinho de entrada de gama, que se encontra facilmente em qualquer supermercado, a um preço atrativo.
Vinho com aspeto límpido, cor amarelo palha. Nariz não muito intenso, com notas minerais, algum citrino e maçã verde.
Na boca mostra-se mais, é elegante, com a fruta a mostrar-se mais (novamente citrinos,lima) e boa acidez a proporcionar uma boca fresca. Final curto.
Vinho leve, bem feito, sem grandes pretensões, mas que faz o seu papel nesta gama de preços.
Ponto positivo adicional para os seus 12,5º.

Nota: Amostra gentilmente cedida pelo produtor

Nota: 14,5
Preço: 2.99€

Carlos Amaro

sexta-feira, 23 de março de 2012

Alentejo nas Bageiras


Foi na Quinta das Bageiras, em Fogueira, que aproveitámos para fazer uma prova de tintos do Alentejo, para acompanhar um coelho com amêndoas preparado pelo sr. Simões.

Começámos com um patê de ovas acompanhadas por um espumante rosé, bruto natural como não podia deixar de ser nas Bageiras. Muito bom.

O coelho frito com amêndoas e alho estava de chorar por mais, e ligou muito bem com os tintos alentejanos, embora tivesse pujança para ligar com outros vinhos encorpados, de tão apuradinho que estava.


Antes da prova de tintos, provámos ainda o Garrafeira Branco 2010 das Bageiras, que está um grande vinho, ao nível das edições anteriores.

Foram 5 tintos alentejanos provados por 15 convivas.
Eram todos vinhos de gama média/alta, cujo preço rondava os 20 euros por garrafa.

Feita a média matemática das pontuações obtivemos a seguinte classificação:

  • 17,0 - Dona Maria Reserva 2006
  • 16,6 - Quinta do Mouro 2006
  • 15,9 - Mouchão 2006
  • 15,6 - Solar dos Lobos GE 2008
  • 14,4 - Tapada de Coelheiros 2008

O Dona Maria Reserva foi o mais consensual, mas os vinhos eram todos bastante bons, encorpados e com nariz intenso, proporcionaram uma bela prova.

No final, ainda provámos o Tinto Garrafeira 2008 das Bageiras, recém engarrafado, que não entrou muito bem na sequência alentejana, sendo um perfil de vinho muito diferente, e a precisar ainda de algum repouso na garrafa.

Ainda tivemos direito a um folar caseiro com queijo, acompanhado pelo abafado das Bageiras, que está cada vez melhor.

Assim se passou uma bela noite vínica nas Bageiras, com a promessa de uns robalos para breve, quando o sr. Simões os conseguir arranjar.









3 nos copos

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Tons de Duorum Branco 2011


Acaba de chegar ao mercado a segunda colheita deste vinho, depois de uma primeira edição muito bem sucedida e que esgotou rapidamente.
Composto por 30% de Viosinho, 25% de Rabigato, 20% de Verdelho, 20% de Arinto e 5% Moscatel. Vinhas localizadas a uma cota elevada (400 a 600m), não tem qualquer passagem por madeira.
O vinho começa logo a conquistar pelo nariz, muito fresco e frutado, com aromas a citrinos e fruta tropical (maracujá), belas notas florais e um final mineral a dar um toque de maior coplexidade. Ótimo nariz, muito refrescante.
Na boca, confirma-se como um vinho guloso, fácil de beber, com frescura e acidez que ligam muito bem com a fruta (os citrinos outra vez). Estrutura mediana, num conjunto com tudo muito bem feito.
Excelente relação qualidade-preço. Diria que com a qualidade apresentada e preço mais do que acessível é um vinho que será concerteza um caso sério de popularidade. Um verdadeiro vinho anti-crise.
Entra de caras para a minha lista de companheiros para o verão.

Nota: Amostra gentilmente cedida pelo produtor.

Nota: 15,5
Preço: 3.99

Carlos Amaro

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Quanta Terra Grande Reserva 2007


Cor bem carregada, violácea.
No nariz, muito floral, fruta madura, mas sem enjoar, chocolate negro, pimenta, e algum vegetal. Tudo muito afinado e na dose certa.
Na boca, é um vinho bem encorpado, mas com tudo muito equilibrado, elegante. Com frutos pretos, vegetal, notas balsâmicas, algumas especiarias e ainda notas de barrica. Final muito fresco e longo.
O Quanta Terra Grande Reserva é para mim um grande vinho, sempre servido a preços sensatos, a valer tanto como outros que custam quase o dobro, o que o torna um dos valores mais seguros dos bons vinhos do Douro.
Se seguir a linha dos anos anteriores irá envelhecer bem.

Preço: 18€
Nota: 18

Carlos Amaro

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Herdade das Servas Touriga Nacional 2006


Cor violeta carregada, como que a indicar que temos aqui um vinho bem concentrado.
Muito bem no nariz, pujante, com frutos silvestres maduros, notas de baunilha, uma componente vegetal bem presente, também algum floral e especiarias.
Na boca é concentrado, vigoroso, grande estrutura, parece ainda jovem, apesar de alguns anos de vida. Taninos ainda presentes, mas já começam a amaciar.
Bela acidez, frutos negros compotados, chocolate negro, noz moscada, notas vegetais bem marcadas, e algum abaunilhado a compor.
Final longo e persistente, belo conjunto. Um muito bom exemplar de Touriga Nacional de terras alentejanas.
Preço: 15€
Nota: 17

Carlos Amaro

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quinta da Pedra Escrita 2010


Região: Douro
Castas: Alvarinho, Rabigato, Verdelho e uma pequena percentagem de Viognier
Produtor: VDS
Enólogo: Rui Roboredo Madeira
Tipo: Branco
Ano: 2010
Álcool: 13,0%

Este vinho é o primeiro «SINGLE ESTATE» de uma Quinta da VDS.
A Quinta da Pedra Escrita está localizada em Freixo de Numão, no Douro Superior, a uma altitude média de 575 metros.
Durante várias gerações pertenceu à família de Rui Roboredo Madeira, sendo em 2007 adquirida pela VDS, empresa da qual é sócio e enólogo.

O vinho teve fermentação e estágio prolongado em madeira francesa com agitação das borras até ao engarrafamento no dia 08 de Abril, após o que estagiou em garrafa durante 4 meses até ao seu lançamento em fim de Julho

Antes de ir à prova do vinho, uma nota para a sua imagem. Gostei muito do rótulo e contra-rótulo, que fazem com que este vinho seja notado também pela sua apresentação.

Aroma intenso, muito cítrico e fresco, aromas florais e notas de erva cortada, grande mineralidade com a barrica muito discreta, no ponto certo a acrescentar complexidade.
Na boca, é um vinho muito fresco e mineral, destacam-se os apontamentos cítricos e ainda algum vegetal e notas fumadas. Muito equilibrado e elegante, final longo e persistente.

Este vinho, apesar da fermentação e estágio em madeira tem um perfil muito mineral e fresco, o que me agrada.  A beber agora dá bastante prazer, mas vou apostar também a guardar uma garrafas, parece-me que terá uma bela evolução nos próximos anos.
Nota: 16,5
Preço: 9,50 €

Carlos Amaro

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Maquia 2009


Este vinho vem de um pequeno projeto de Álvaro Martinho, com enologia de Dirk Niepoort/Luís Seabra.
É um vinho proveniente de vinhas velhas, povoadas de inúmeras castas, sendo esta já a segunda edição do vinho, depois de uma muito boa primeira edição em 2008.

Aroma muito cativante, com bastante fruta (amoras, ameixas pretas), apontamentos de pimenta, notas de cacau, e alguns traços vegetais. Fresco e mineral, nota-se a complexidade das vinhas velhas.
No paladar, bom volume de boca, fruta presente e fresca, num estilo de elegância e delicadeza com taninos finos e acidez no ponto.
Belíssimo vinho, com uma grande relação qualidade preço.

Nota: 17
Preço: 9€

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Morgado De Santa Catherina Reserva 2009


Produtor: Companhia das Quintas
Castas: 100% Arinto

Mudança de rótulo nesta colheita de 2009 de um dos Arintos mais consistentes portugueses.
Cor amarela, pouco carregada, limpo.
Nariz muito limpo, jovem, aromas frutados a citrinos e ainda algum alperce e ananás, mais notas de baunilha e tosta da barrica, muito mineral. Mais leve do que em versões anteriores.
Este perfil mais frutado também se sente na boca, com a expressividade da fruta em primeiro plano, e menos marcado pela barrica.
Bom volume e acidez, está um vinho muito bem equilibrado, e com um final longo.
Este 2009 parece-me das melhores edições recentes, e é dos um meus varietais Arinto favoritos.
Preço: 9€
Nota: 16,5

Carlos Amaro

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Delas Frères Châteauneuf-du-Pape Haute Pierre 2006


Região: Rhone - Châteauneuf-du-Pape
Castas: Grenache (70%) e Syrah(30%)
Graduação: 15º

Tenho pouca experiencia com tintos franceses, e da região de Châteauneuf-du-Pape foram muito poucos os vinhos que provei com mais atenção, daí que tenha sido com entusiasmo que avaliei este vinho.

Cor de um profundo vermelho grenat, menos escuro do que eu esperava.
O nariz deixou-me confuso ao inicio, parecia-me um pouco estranho, com aromas picantes e notas de especiarias orientais fora do comum (cravinho, cardamomo), bem como o alcool a sentir-se um pouco a mais. Passados uns minutos evoluiu para muito melhor, o forte picante a manter-se, mas com fruta muito fresca, framboesa, ameixas, especiarias, licor, alcaçuz, baunilha e uma frescura que conseguiu esconder os 15 graus que se notavam inicialmente.
Na boca, muito rico e untuoso, com o alcool a ser bem compensado pela estrutura e corpo do vinho. Framboesas, amoras, especiarias bem definidas (canela, noz-moscada), com alcaçuz a sobressair num final longo e intenso (se bem que um pouco quente dos 15º, fator que melhorou com o tempo de abertura).
O vinho melhorou ao longo da prova, estava no ponto optimo após 2 horas de abertura da garrafa, e não perdeu nada provado de novo no dia seguinte, após uma noite aberto (guardado no frio).

Nota: 17
Preço: 32€

Carlos Amaro

sábado, 28 de janeiro de 2012

Visita à Adega Cooperativa de Borba


Depois de dois meses e muitas trocas de mensagens lá conseguimos organizar uma visita à adega cooperativa de Borba através do grupo Portuguese Wine Bloggers no facebook. Esta visita foi impulsionada pelo blogger Carlos Janeiro que com grande empenho e paciência lá conseguiu juntar 8 wine bloggers, dos quais tive o prazer de fazer parte.

Fomos num sábado, e chegámos a Borba já depois das 11 da manhã, onde nos esperavam a relações públicas Márcia Farinha e o enólogo Óscar Gato, que nos receberam numa sala de provas onde já estavam uns rótulos de cortiça antigos a respirar em decanter.


Fundada em 1955, a Adega de Borba reúne atualmente 300 viticultores que cultivam cerca de 2200 hectares de vinha, com 70% castas tintas e 30% castas brancas, sendo as melhores provenientes do sul de Borba onde o solo é xistoso.
Produz entre 12 a 15 milhões de garrafas de vinho por ano, e 40 mil litros de aguardente vínica.
Com 57 anos de existência, tem vindo a modernizar-se constantemente, mantendo sempre um nível elevado de qualidade, o que não é tarefa fácil dada a quantidade e variedade de uvas que ali entram ano após ano.
A adega é grande, provavelmente a maior que já vi, e no centro da vila não tem por onde crescer mais. Pude apreciar algumas casas cuja traseira dava para as cubas em inox, de tal modo está incrustada na vila. É tentador morar ali.
Está em fase final de construção a nova adega, que deverá ser inaugurada em breve, num terreno com 14 hectares por trás da estação, que visitámos depois do almoço.

Mas comecemos pelo principio da visita.
Entrando no amplo pátio da adega surgem os balões brancos de 250 mil litros à esquerda, e à direita uma adega aberta para o pátio muito bem equipada com enormes cubas inox, passadiços, talhões de várias toneladas, enfim, tudo em grande. Ao fundo um laboratório onde é feito um primeiro controlo às uvas que entram, para identificar não só as piores, mas também as melhores.
É necessária muita organização para processar tanta uva na época das vindimas, tendo um calendário apertado para cada casta, sujeito a alterações de ano para ano consoante o amadurecimento de cada uma.
Dentro da adega propriamente dita, encontra-se um segundo laboratório "de campanha" onde é feita nova triagem, e se encaminham as uvas para os vários lotes consoante a variedade e a qualidade.
Existe também uma sala fresca onde repousam muitas pipas de madeira nova com os melhores vinhos, 75% carvalho francês, 15% carvalho americano, 10% carvalho português, e uma pequena percentagem de castanho português, uma madeira mais porosa.


Em seguida passámos às caves do edificio principal, onde nos deparámos com mais cubas, toneis de madeira muito antigos e pipas de madeira mais usada, onde envelhecia a aguardente.


Nesta área existe a enoteca da casa, com uma coleção invejável de milhares de vinhos desde há 50 anos atrás.


Numa sala à parte está a garrafeira de rótulos de cortiça antigos a rodear uns toneis novos de onde sairão provavelmente os novos rótulos de cortiça grande reserva, uma aposta recente da Adega de Borba, que procura obter assim um vinho de qualidade superior em edições mais limitadas.


Passámos pelo laboratório principal, equipado com a mais moderna tecnologia, incluindo um analisador potente, único na Peninsula Ibérica.
Visitámos a secção de engarrafamento, uma sala isolada com grandes janelas de vidro, com três máquinas capazes de engarrafar umas impressionantes 18 mil garrafas por hora.
Passámos ainda pelo enorme armazém onde estavam paletes e caixas de vinho a perder de vista, e muitas mais pipas de carvalho semi-novo.
A adega parecia não ter fim.


Voltámos à sala de provas onde nos foram apresentados alguns vinhos da gama Senses de monocastas.

Rosé 2011, feito essencialmente de Aragonês.
De côr muito pálida e salmonada, tem um bom nariz, floral e silvestre, na boca é um vinho leve e fresco.

Alvarinho 2010
Côr citrina, nariz intenso e complexo, algo exuberante com aromas herbáceos e de fruta tropical. Muita frescura na boca e final muito longo.

Verdelho 2010
Côr citrina, nariz abaunilhado com fruta tropical, boca fresca mas não tanto como o Alvarinho, final moderado.

Sirah 2010
Côr granada, nariz intenso, frutado, alicorado.
Boca com boa estrutura, alguns taninos a mais.
Final longo.

Touriga Nacional 2009
Côr granada, nariz frutado, com alguns tostados.
Boca com estrutura e um bom final, algo adstringente.

Seguiu-se uma prova vertical de Rótulo de Cortiça, um vinho icónico da adega de Borba, do qual provámos 5 edições, uma de cada década:


2008
Côr ruby, nariz complexo, ervas aromáticas.
Boca elegante, final prolongado.

1994
Côr ambar, nariz intenso, couro, especiarias.
Boca elegante, com um ligeiro vinagrinho no final longo.

1982
Levou menos Aragonês.
Côr ambar, nariz muito parecido com o de 94.
Boca elegante com final médio.

1977
Côr acastanhada, nariz muito rico, especiarias.
Boca muito elegante, com final mediano.

1964
Côr acastanhada, bazar de especiarias.
Boca elegante, final longo com ligeiro picante.

É impressionante como o perfil destes vinhos se mantém constante ao longo de várias décadas. Numa prova cega não os conseguiria distinguir.
A sua acidez mantém estes vinhos vivos, com uma elegância fora do vulgar. Fizeram-me lembrar alguns Pinot Noir franceses.

Provámos ainda uma amostra de casco do 2009 Gold do tonel 6, que será engarrafado em breve como Rótulo de Cortiça Grande Reserva 2009.


De côr granada opaca, nariz muito rico, aromas herbáceos, azeitonas.
Boca com muita estrutura, mas elegante, opulento, com um final muito persistente.
Promete ser um grande vinho.

Depois da prova seguiu-se o almoço, e que almoço.
Preparado numa sala da adega pela equipa do restaurante "A Cadeia Quinhentista" de Estremoz, foi acompanhado pela gama de vinhos Montes Claros.


As entradas foram servidas em pratos individuais com nove divisões, contendo linguiça, farinheira e morcela de porco preto no carvão, queijo de ovelha em azeite, coelho em vinagrete balsâmico com pimentos assados, cogumelos estufados com ervas, ameijoas com coentros frescos, mexilhões gratinados, e favas com toucinho fumado e salteado.
Uma belíssima amostra dos sabores do Alentejo, acompanhada pelo branco Montes Claros Reserva 2010.
Este vinho está muito bem conseguido, com a casta Roupeiro a transmitir um nariz muito intenso e rico, e com um conjunto de grande equilíbrio.

Seguiu-se o cação temperado com alho e pimentão da horta, frito em banha de porco preto, com ameijoas e migas de batata.
Muito bem acompanhado pelo tinto Montes Claros Reserva 2009.
Curiosa esta forma de cozinhar o cação com o tempero típico da carne de alguidar alentejana, resultou muito bem com este tinto elegante.

Depois veio a perdiz suada em azeite de Borba, com trufas brancas, espargos bravos, castanhas, uvas e romã.
Acompanhada pelo tinto Montes Claros Garrafeira 2007, foi uma perdição, tive de repetir.
Este vinho mais encorpado que o reserva, está muito afinado, e ligou muito bem com o sabor forte da perdiz.

Para sobremesa foram dois doces conventuais, mas nesta fase já não fui capaz de decorar os nomes e já não estava a tomar notas. Fizeram justiça à boa fama da doçaria tradicional alentejana, muito rica por sinal, e não me atrevo a arriscar os nomes de tão deliciosas iguarias.
Acompanhámos com o licoroso da Adega de Borba, que era muito bom, ao nível de um bom vinho da Madeira.

Depois deste magnífico banquete que terminou por volta das cinco da tarde, fomos visitar as novas instalações que estão mesmo em fase final de acabamentos, já com o equipamento particamente todo instalado.
Por trás da antiga estação de comboios, surge a nova adega imponente, construida com a mais recente tecnologia aliada a soluções ambientais que permitem melhor eficiência energética, nomeadamente a cobertura verde (green roof) que proporciona um bom isolamento térmico, e claro, o mármore que é extraído localmente na pedreira de Borba.
Ao entrar deparamo-nos com um gigantesco armazém com capacidade para várias dezenas de milhões de litros em paletes.


Tem uma capacidade de fermentação de vários milhões de litros distrinuidos por cubas de 60 mil litros cada. Uma autêntica catedral, onde em vez de colunas estão as enormes cubas com mais de 10 metros de altura, a perder de vista para onde quer que olhemos.


As uvas entram por cima e seguem por duas linhas mestras até ao seu destino.
Tudo planeado ao pormenor para se conseguirem separar os lotes o melhor possível.


No meio da imensidão de cubas via-se uma pequena área reservada para a vinificação de vinhos de topo, cujo equipamento ainda não estava instalado.
Subimos ao telhado onde pudemos pisar a fofa cobertura verde assente em placas de espuma, que devido ao clima soalheiro do Alentejo se tornou avermelhada, o que não fica nada mal.


Passámos ainda pela loja onde pudemos comprar alguns dos vinhos provados.
Os preços dos vinhos da AC Borba são sempre acessíveis a todas as bolsas, e julgo ser esse equilíbrio entre qualidade e preço que tornam esta casa um exemplo de sucesso a seguir, mostrando que se pode produzir em quantidade e em qualidade, unindo o esforço de vários viticultores que por si só teriam muita dificuldade em sobreviver neste país.
É de facto uma inspiração ver um projeto com mais de 50 anos a crescer desta forma, quando a maioria das adegas cooperativas nacionais andam pelas ruas da amargura, algumas delas a fecharem portas.
Também gostei de ver o investimento na produção de vinhos de qualidade mais elevada em quantidades mais reduzidas, como é o caso do Rótulo de Cortiça Grande Reserva (o primeiro de 2007 desapareceu logo), assim quem estiver disposto a pagar por esses vinhos também os poderá encontrar aqui, e a preços não muito ofensivos.

Há um outro aspeto que é de realçar: o vinho de Borba encontra-se em todo o lado.
E para quem é apreciador de vinho, por muito manhosa que seja a carta de vinhos do restaurante onde se vai comer (coisa que infelizmente não é rara em Portugal), tem lá pelo menos um Borba a servir de tábua de salvação, que é sempre uma aposta garantida.

Agradecimentos especiais ao enólogo e relações públicas da adega que nos acompanharam todo o dia, à equipa do restaurante "A Cadeia Quinhentitista" que nos proporcionou um almoço brilhante onde a ligação com os vinhos servidos foi perfeita, ao blogger Carlos Janeiro, e ao compadre João Pedro Carvalho que também participou ativamente na organização e ainda me há-de levar a provar o vinho da talha.

Deu gosto ver como se produz o vinho em Borba.

Frederico Santos

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quinta das Marias Reserva Cuvée TT 2008

Produtor: Peter Viktor Eckert - Quinta das Marias
Vinho da região do Dão, produzido a partir do duo Tinta Roriz e Touriga Nacional.
Produção limitada a 6000 garrafas, esta garrafa tinha o número 5421.


Vinho de cor bem intensa, quase opaco, com bonito violeta no rebordo.
Nariz sedutor, aromas a fruta preta, toque floral (violeta), algumas notas abaunilhadas e de especiarias, e ainda algum chocolate negro a compor um belo conjunto.
Na boca, tem uma boa estrutura, bastante encorpado. Segue a prova do nariz, com a fruta bem acompanhada por alguma tosta da madeira, especiarias (notas a pimenta), tudo amparado numa frescura muito presente.
Muito bom vinho, bem equilibrado entre estrutura e elegância.
Nota: 17
Preço: 15-17€

Carlos Amaro

domingo, 1 de janeiro de 2012

Top de 2011

Segue uma lista de 15 vinhos que mais prazer me proporcionaram no ano de 2011.
São 4 brancos, 5 tintos, e 6 portos. Todos nacionais.

brancos:
Quinta das Bageiras garrafeira 2009 (Bairrada)
Bussaco 2001 (Bairrada)
Monte das Servas Colheita Seleccionada Branco 2009 (Alentejo)
Castello D'alba Vinhas Velhas Códega do Larinho 2009 (Douro)

tintos:
Charme 2009 (Douro)
Quinta do Monte D'Oiro Reserva 2004 (Lisboa)
Chryseia 2006 (Douro)
Quinta dos Termos - Garrafeira 2004 (Beira Interior)
Lua Nova em Vinhas Velhas 2009 (Douro)

portos:
Niepoort colheita 1863
Taylor's Scion (1855)
Noval Nacional vintage 1994
Warre's Colheita 1937
Messias colheita 1977
Adelaide vintage 2009

Tanto os dois últimos brancos, como os dois últimos tintos, são vinhos bastante acessiveis, com um preço entre os 5 e os 10 euros.