sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quinta dos Roques - 5 Estrelas

Foi num sábado, dia 27 de Julho de 2014, que nos deslocámos à Quinta dos Roques numa visita organizada pela garrafeira 5 Estrelas.

Parámos para almoçar em Campia (na saída da A25 para o Caramulo). Comemos muito bem no restaurante "O Sacristão". O vinho da casa não era mau, a vitela assada era de comer à colher, e o naco na pedra tinha um toque artístico.



Seguimos até Abrunhosa do Mato e chegámos à quinta por volta das 14:30, onde fomos recebidos pelo produtor Luís Lourenço. 

Começámos por visitar a adega, arejada, onde sobressai a qualidade dos materiais em inox e das barricas de carvalho francês da Borgonha.


As barricas novas são usadas nos brancos Encruzado e Malvasia Fina. Para os tintos vão as barricas já "estabilizadas" pelos brancos. Esta estratégia é fruto da experiência que foi adquirindo, tendo passado por barricas de carvalho nacional (menos homogéneas, segundo o produtor), e verificando que a madeira nova interferia demasiado com os tintos para o seu gosto.



Na adega são vinificadas uvas provenientes de cerca de 60 ha de vinhas, 35 da Quinta dos Roques e 25 da Quinta das Maias. Uma produção respeitável, sendo grande parte destinada a exportação. O principal cliente externo é o Canadá, que pelos vistos tem um importador de vinhos único gerido pelo estado.

Nas salas de armazém, um brinde para os olhos, viam-se garrafas de todas as colheitas da quinta espalhadas de forma organizada em grades metálicas. Outras estavam já embaladas em paletes, prontas para seguir viagem.

Uma adega muito bem organizada e equipada, a refletir os cuidados e o perfecionismo com que são feitos estes vinhos. Uma aposta de sucesso na qualidade.

Em seguida fomos para a sala de provas, uma casinha que fica no meio das vinhas, e que felizmente tinha ar condicionado, pois estava um sol abrasador.



Notas de Prova:


Quinta das Maias branco 2013
- biológico
- côr pálida
- nariz de espumante, intenso, com notas de massapão e ervas de cheiro.
- equilibrado na boca, muito fresco
- bom final
- teor alc: 12,5º
Nota: 16,5





Quinta dos Roques Bical 2013
- côr pálida
- nariz intenso e complexo
- aromas de fruta em calda
- boca equilibrada e fresca
- bom final, muito longo
- teor alc: 13º
 Nota: 17





Quinta das Maias Verdelho 2012
- côr pálida
- nariz discreto, muito mineral
- boca algo chata, comparada com os anteriores
- final curto
- muito leve
- teor alc: 13º
Um bom vinho de esplanada.
Nota: 16,5



Quinta dos Roques Encruzado 2013
- côr pálida
- nariz intenso, mineral, tostados de madeira
- grande equilíbrio na boca
- encorpado e gastronómico
- final muito longo e agradável
- teor alc: 13,5º
Nota: 17,5



 

Quinta das Maias branco 1996
- côr ambar
- apresenta alguma oxidação
- acidez ainda presente a conseguir sustentar o vinho
Nota: 15




Quinta dos Roques espumante rosé bruto 2010
(Alfrocheiro e Touriga Nacional)
- côr salmão escuro
- muito aromático, herbáceo
- boca fresca e bem equilibrada
- final curto
- gastronómico (ou não)
- teor alc: 12,5º
Nota: 16,5





Quinta das Maias espumante branco bruto 2006
(feito com uvas tintas: Tinta Roriz, Touriga Nacional, Alfrocheiro)
- nariz muito complexo
- notas de massapão, tostados, fruta cozida
- boca fresca
- final mediano
Nota: 16,5








A partir daqui fomos para os tintos e comecámos a provar os vinhos aos pares, comparando colheitas do mesmo vinho com alguns anos de diferença. 
Uma prova muito interessante.

Quinta dos Roques colheita 2011
- côr ruby
- nariz fechado
- boca correta
- final longo
- teor alc: 14,1º
Nota: 16,5

Quinta dos Roques Colheita 2004
- côr ainda muito carregada
- nariz muito intenso e complexo
- notas de couro e especiarias
- muito vivo
- final longuíssimo
- teor alc: 13,8º
Nota: 17


Quinta das Maias Jaen 2011
- côr ruby
- nariz intenso, muito vegetal
- boca adstringente
- bom final
- teor alc: 14º
Nota: 16

Quinta das Maias Jaen 1999
- côr ligeiramente atijolada
- nariz intenso e complexo
- boca redonda, com boa acidez a dar vida ao vinho
- final prolongado
- teor alc: 12,5º
Nota: 17


Quinta dos Roques TN 2011
- côr ruby
- nariz intenso e frutado, fresco
- boca adstringente, encorpado
- bom final
- teor alc: 14º
Nota: 16,5

Quinta dos Roques TN 1999
- côr atijolada
- nariz muito intenso e complexo
- na boca é encorpado
- final muito longo
- teor alc: 12,5º
Nota: 17,5


Quinta dos Roques reserva 2011
- côr ruby
- nariz ainda fechado, mas rico
- boca muito equilibrada, com estrutura
- final muito longo
- teor alc: 14º
Nota: 17

Quinta dos Roques reserva 1999
- côr atijolada
- nariz muito complexo e intenso, especiarias
- boca redonda, encorpado, elegante
- final enorme!
- teor alc: 12,5º
Nota:18

O reserva vem de vinhas velhas misturadas, o lote é feito logo na vinha (vinha do Pessegueiro).

Os vinhos eram todos muito bons, à exceção do branco de 1996, que para o meu gosto já estava demasiado oxidado.
A prova de tintos demonstrou que estes vinhos envelhecem muito bem, com destaque para o Reserva 1999 que está monumental.
Foi uma excelente tarde, e uma oportunidade de conhecer o que de melhor se faz neste país.
No Dão, a Quinta dos Roques é uma referência incontornável.

Agradecimentos à garrafeira 5 Estrelas e ao produtor Luís Lourenço.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Quinta dos Carvalhais Encruzado 2008

Quinta dos Carvalhais Encruzado 2008
Produtor: Sogrape Vinhos
Álcool: 14%

Se não estou enganado, o Quinta de Carvalhais foi o primeiro Encruzado que bebi, penso que da colheita de 2006 (a par de um outro Encruzado Quinta dos Roques).
Foram esses 2 vinhos que me fizeram despertar o interesse em brancos do Dão e desde então o Carvalhais Encruzado passou a ser um vinho obrigatório lá em casa.
Ao beber este vinho agora, já com 6 anos de idade (sim, um branco já alguma idade), o que me veio à cabeça é que na generalidade hoje se bebem os vinhos demasiado cedo, na maioria das vezes logo que saem para o mercado.
E aí os produtores têm boa parte da responsabilidade, colocando os vinhos no mercado muitas vezes pouquíssimo tempo após a colheita, sem esperar por estarem mais prontos a beber.
É verdade que os custos de armazenamento e estágio encarecem os vinhos, mas acho que começa a haver mercado para vinhos estagiados por algum tempo no produtor. E acho que deve partir dos produtores o dever de tentar educar melhor o consumidor.

Este 2008 provei-o várias vezes ao longo do tempo e está agora em grande forma, mais elegante e equilibrado do que em novo.
Nariz floral, com notas fumadas e vegetais.
Na boa está ainda cheio de vida, perfeito para acompanhar um bom peixe no forno. É encorpado, mineral, frutos brancos cozidos, notas de especiarias e com uma acidez que não o deixa ficar pesado.
Ao terminar a garrafa deixou-me a vontade de beber mais e de ter guardado mais garrafas para beber nesta altura, em vez de ter consumido mais novo.
Quando é assim acho que só pode ser bom sinal para a qualidade do vinho.

Carlos Amaro