sexta-feira, 17 de junho de 2011

Brancos do Dão na Quinta das Bageiras


Foi no dia 17 de Junho, sexta-feira, que fomos jantar à Quinta das Bágeiras, com o pretexto de fazer uma prova de brancos do Dão.
O jantar esteve a cargo do sr. Simões, com uma entrada de ovas acompanhadas pelo espumante bruto natural colheita de 2009 das Bageiras que está bem bom, seguida de uma belíssima caldeirada, provavelmente a melhor que já comi.
Os vinhos seleccionados para esta prova foram todos de 2009, e todos à base da uva Encruzado, sendo alguns monocasta e alguns com outras uvas.

Começámos pelo Quinta dos Carvalhais - Encruzado 2009, que mantém o nível de qualidade relativamente ao 2007, sendo um vinho bem equilibrado, embora com alguma madeira a mais no nariz para o meu gosto.
Castas: 100% Encruzado
estágio de 6 meses em barricas novas de carvalho francês
13,5º
~13€

Seguiu-se o Paço dos Cunhas de Santar - Vinha do Contador 2009, que apresentou um nariz mais intenso e complexo, talvez por levar outras castas no lote.
Muito elegante na boca, deixou uma boa recordação.
Castas: Malvasia, Cerceal, Encruzado
estágio de 8 meses em barricas de carvalho francês
14º
~20€

Quinta das Marias - Encruzado 2009, na versão com e sem barrica, provámos as duas e achei os vinhos muito parecidos, no fundo é o mesmo vinho com estilos diferentes, sendo o que levou barricas novas de carvalho francês um pouco mais elegante e complexo, e o outro mais arrebitado e com mais fruta. Dependerá do gosto e da ocasião a escolha de um deles, são ambos muito bons.
A versão sem barrica já tinha sido provada aqui.
Castas: 100% Encruzado
14º
~11€

Quinta dos Roques - Encruzado 2009, continua em grande forma relativamente ao 2008 que já nos tinha impressionado numa outra prova.
É um vinho muito mineral, com a madeira bem integrada de forma imperceptível, de grande equilíbrio, com um final longo e agradável.
Castas: 100% Encruzado
estágio de 7 meses em barricas de carvalho francês
13,5º
~11€

Entretanto a nossa prova foi invadida pelo vinho da casa Bageiras Garrafeira 2009 branco, que ainda não tínhamos provado, e também não destoou muito, sendo um vinho encorpado e muito aromático, acabou por ser um dos vinhos mais apreciados pelos presentes, mas arrumou com a nossa prova, no bom sentido.
Mais um grande garrafeira branco das Bageiras.
Castas: Maria Gomes, Bical
14,5º
~12€

Quinta da Pellada - Primus 2009, uma prova do Dão não podia deixar de ter um vinho de Álvaro de Castro.
Este vinho é feito com predominância de Encruzado e outras castas da vinha velha da Pellada. No nariz apresenta uma complexidade fora do vulgar, na boca é macio e fresco em simultâneo, intenso e elegante, com final de grande persistência. Um vinho de luxo, do melhor que o Dão tem para nos dar.
Castas: Encruzado e outras
13º
~30€

Finalizámos a prova com Julia Kemper 2009, foi talvez o vinho que apresentou o nariz mais exuberante, com muita fruta, flores, e mineral. Na boca é um vinho cordato e bem equilbrado.
Castas: Encruzado e Mavasia Fina, em quantidades iguais
13,5º
~10€

Segue a média das notas atribuidas por 14 provadores.

  • 17,0 Quinta das Bageiras Garrafeira branco 2009
  • 17,0 Quinta da Pellada - Primus 2009
  • 16,8 Quinta dos Roques - Encruzado 2009
  • 16,1 Quinta dos Carvalhais - Encruzado 2009
  • 15,8 Paço dos Cunhas de Santar - Vinha do Contador 2009
  • 15,6 Julia Kemper 2009
  • 15,0 Quinta das Marias - Encruzado 2009
Todos os vinhos selecionados para esta prova são vinhos que têm sido premiados e aclamados pela crítica, e pudemos confirmar que temos muito bons vinhos brancos no Dão.
No geral são vinhos muito aromáticos, com notas florais e minerais, encorpados, têm estrutura para envelhecer bem em garrafa, e são vinhos gastronómicos que precisam de um bom prato para brilharem.
A caldeirada do sr. Simões acompanhou de forma maravilhosa estes vinhos, e depois ainda veio uma açorda feita com a água da caldeirada, que estava simplesmente divinal.

No meio disto ainda se provou o vinho branco Bageiras Colheita 1994, que com os seus 17 anos ainda está para durar, com uma frescura incrível, a fazer lembrar um bom vinho verde.

No final ainda provámos o abafado das Bageiras, que está cada vez melhor, enquanto comíamos um pão de ló à sobremesa.

Após uma passagem pela loja, lá fomos embora um pouco entornados, mas sem incidentes.

3 nos copos, da esquerda para a direita: Frederico Santos, Carlos Amaro, Mário Rui Costa

sábado, 11 de junho de 2011

Contagem decrescente para a prova "Brancos do Dão"...

É já na próxima sexta-feira, dia 17 de Junho. Uma vez mais no "nosso" espaço predilecto, a Quinta das Bageiras onde o Mário Sérgio e o grandioso chef Senhor Simões nos vão receber com um robalo no forno.

Para ir criando água na boca, aqui fica a lista de vinhos em prova:

  • Paço dos Cunhas de Santar, Vinha do Contador 2009;
  • Quinta dos Carvalhais Encruzado 2009;
  • Quinta dos Roques Encruzado 2009;
  • Quinta das Marias Encruzado 2009;
  • Júlia Kemper 2009;
  • Quinta da Pellada Primus 2009;
São todos de 2009, três varietais de Encruzado, um de lote com Malvasia, Cerceal e Encruzado (Vinha do Contador), um com Malvasia e Encruzado (Julia Kemper) e um outro com predominância de Encruzado num lote com muitas outras castas oriundas de vinhas velhas (Primus). Ah, e todos com carvalho francês a entrar no processo...

Falando dos produtores, cruzamos propostas de produtores tradicionais com outras de produtores recentes e no meu entender algo "fora da caixa" como é o caso da Julia Kemper.

Venha a prova abrir para todos o maravilhoso mundo dos brancos do Dão, tendo eu a certeza que o robalo do Senhor Simões estará pelo menos à altura dos vinhos em prova.

Boas provas,

Mário Rui da Costa

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quinta dos Termos - Beira Interior

Foi na sexta, dia de Portugal, que nos deslocámos à Quinta dos Termos, perto de Belmonte.
Esta quinta é o maior produtor da região com Denominação de Origem da Beira Interior, actualmente a produzir cerca de 700 mil litros por ano.
A propriedade de 56ha tenta ser o mais biológica possível, não usando herbicidas nem pesticidas e prezando sempre a utilização de produtos naturais, que apesar de serem menos eficazes e darem mais trabalho compensam no resultado final.
Tem muita variedade de uvas, com vinhas bem delimitadas, podendo-se perceber na paisagem nuances de tons de verde entre parcelas distintas.
Os solos são graníticos e ricos em sílica.


Visitámos a adega, bem equipada com grandes cubas inox com os lotes identificados, onde podíamos encontrar Touriga Nacional, Tinto Cão, Rufete, Tinta Roriz, Baga, e até Vinhão, uma uva inesperada da região do Vinho Verde, entre muitas outras.


Na cave de estágio são usadas pipas de carvalho francês Allier, com um tempo de vida de cerca de 4 anos.
Ainda passámos pela secção de engarrafamento, e seguimos para a sala de provas, onde tínhamos a gama de mais de 20 vinhos comercializados pela casa à disposição, e nos esperava uma mesa com queijo, presunto, e chouriço e morçela assados. Seguiu-se a prova comentada pelo sr. João Carvalho, proprietário da quinta.


Reserva do Patrão Branco 2010
A casta mais utilizada é o Verdelho.
Côr pálida. Nariz intenso com aromas de fruta , ervas, mineral. Na boca é elegante, encorpado, de final muito longo com ligeiro picante.
Nota: 16,5

Fonte Cal Branco 2010
Nariz menos exuberante, com notas mais herbáceas e menos frutadas. Bem equilibrado na boca, mais encorpado que o anterior, com um bom final.
Um vinho mais gastronómico.
Nota: 16,5

Rosé 2009
Baga
De côr algo carregada para um rosé a fugir para o grená, tem um bom nariz, e a boca está no ponto, nem demasiado suave nem demasiado pesado, bom equilíbrio. Final curto.
Um bom rosé.
Nota: 16

Quinta dos Termos Tinto DOC 2009
De côr ruby opaca, nariz intenso, com notas de frutos silvestres, boca bem equilibrada com ligeiro tanino, final prolongado. Muito bom tinto para o dia a dia.
Nota: 16,5

Vinhas Velhas 2006
Reserva, tem 50% Trincadeira, Jaen, Rufete, Marufo, e Sirah de vinhas novas.
Côr ruby, nariz muito complexo, frutos silvestres, tostados, couro.
Boca muito equilibrada, com um grande final.
Nota: 17

Garrafeira 2004
50% Trincadeira
Côr muito intensa para um vinho com 7 anos, nariz mais intenso e complexo que o anterior.
Boca muito rica e concentrada, com um final enorme.
Nota: 17,5

Tinto Cão 2008
Côr muito escura, nariz suave com notas de tabaco, na boca é intenso mas polido, com um final adstringente. Um bom vinho para guardar.
Nota: 16

Reserva do Patrão 2008
100% Sirah
Côr opaca, de nariz complexo, frutado e mineral. Boca muito correcta, final longo com ligeiro picante.
Nota: 17

O Pecado de Virgílio Loureiro 2007
Chama-se pecado por ter sido feito com uma casta estrangeira: Sangiovese.
Um vinho com o mesmo perfil do anterior, mas mais elegante, mais magro na boca, com um final interminável.
Nota: 17,5

Tinta Roriz 2006
Nariz suave, boca macia com final moderado.
Muito elegante.
Nota: 16

Em suma, os vinhos provados eram todos de grande qualidade, sobressaindo para o meu gosto, o Garrafeira 2004 que ainda está para durar, e o Pecado 2007 por ser um vinho diferente e muito bem conseguido.
É de realçar a hospitalidade beirã com que nos receberam, acabámos por demorar mais do que o previsto por nos tratarem tão bem.
Bem hajam.

Frederico Santos