sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Bairrada - Quinta das Bageiras


Foi na Quinta das Bageiras que fizemos esta prova de vinhos tintos da Bairrada, que já estava prometida há muito tempo.
Éramos quinze participantes, e fomos muito bem recebidos pelo sr. Mário Sérgio que nos concedeu uma visita à adega enquanto falava sem parar, explicando tudo ao pormenor, desde as técnicas para fazer aguardente com baixo teor de metanol, aos métodos usados nos seus espumantes brutos naturais, tudo de excelente qualidade comprovada por nós. Foi um prazer aprender tanta coisa de quem sabe. O sr. Bernardo também foi impecável, guardou as nossas garrafas que mais tarde foi servindo irmamente por todos, incluindo os anfitriões.
Após a visita à adega fomos para uma mesa junto do alambique, onde nos esperavam umas entradas caseiras para acompanhar a nossa prova.

A média das pontuações atribuídas foi:

  • 17,3 - Quinta das Bageiras Garrafeira 2004 (Baga)
  • 16,8 - Quinta das Bageiras Garrafeira 2005 (80% Baga, 20% Touriga Nacional)
  • 16,7 - Quinta da Dôna 2004 (Baga)
  • 15,3 - Kompassus Reserva 2005 (Merlot, Touriga Nacional)
  • 14,0 - Luis Pato Vinha Barrosa 2005 (Baga)
  • 13,8 - Campolargo Calda Bordaleza 2006 (70% Merlot, 25% Petit Verdot, 5% Cabernet)
  • 10,9 - Angelus Reserva 1987 (Baga)

Começámos pelo Calda Bordaleza, um vinho que já foi considerado um dos melhores do ano no guia anual de vinhos de JPM. Muito elegante.
Seguiu-se o Kompassus, um vinho mais encorpado, mas também com muita finesse.
Passámos em seguida para os Bairradas mais típicos, com o Luis Pato Vinha Barrosa, altura em que começou a ser servido um arroz de cabidela de leitão que assentou mesmo bem com este vinho, que é uma excelente expressão da casta Baga.
Veio depois o Quinta da Dôna 2004, que foi um dos vinhos que se apresentou mais equilibrado e bem conseguido. Uma delícia.
Apareceu ainda o Bageiras Garrafeira 2005 em versão magnum, que estava excelente.
E depois o Bageiras Garrafeira 2004, um vinho estreme de Baga, que pelos vistos foi o que mais agradou.
Entretanto já se tinha comido a cabidela e já estava o leitão assado à Bairrada na mesa.
Ainda o acompanhei com um espumante tinto bruto, que me soube muito bem, e provei ainda o espumante Super Reserva Branco 2006, que tem um nariz impressionante.
A sobremesa foi um magnífico pão de ló à moda de Ovar, cremoso por cima, enquanto provávamos o Angelus 1987 que estava fraquito, mas bebível, e deu para apreciar aquela côr acastanhada dos vinhos velhos.
Também ainda bebi um abafado, e provei um bocadinho de aguardente que era mesmo muito boa.

Os vinhos eram todos muito bons, à excepção do reserva 1987, que já estava um pouco passado.
Mas eu gostei mesmo foi daquela cabidela, que maravilha!
A comida estava óptima, e a ordem pela qual os vinhos foram sendo servidos (ao critério do sr. Mário Sérgio) encaixou na perfeição.

Foi sem dúvida uma das melhores provas que fizemos, só faltou o Bageiras Garrafeira Branco 2007 que merecia uma prova atenta pelos prémios que tem recebido.
Certamente haverá uma nova oportunidade, pois ficámos todos muito satisfeitos com esta visita à Quinta das Bageiras, e com vontade de repetir. Quem sabe uma prova de brancos e espumantes...

À saída ainda passámos pela loja onde o pessoal se abasteceu dos vinhos que mais gostou.
A viagem de regresso é que foi um pouco difícil, mas correu tudo bem.

Frederico Santos

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Lavradores de Feitoria


Foi na loja Wine'o'Clock, que o produtor colectivo Lavradores de Feitoria veio a Aveiro apresentar alguns dos seus melhores vinhos.

Três Bagos Viosinho 2007
Um belíssimo branco monocasta, de uma uva característica do Douro, de nariz intenso e complexo, com aromas herbáceos. Muito elegante na boca. Um vinho com estágio em madeira, feito para durar alguns anos.
Está muito bem conseguido, e fez-me lembrar a casta francesa Viognier.
Nota: 17
Preço: 10.50

Três Bagos Sauvignon Blanc 2008
Este branco dá para enganar qualquer provador, dizendo que é da Nova Zelândia.
Nariz exuberante e bem demarcado, com aroma de fruta exótica.
Muito fresco, teve pouca madeira.
Ideal para um final de tarde.
Nota: 16,5
Preço: 10.50

Meruge 2005
Um tinto muito moderno, aveludado, feito à base de Aragonês (90%). Teve pouca extracção e um estágio prolongado, ficando com uma côr translúcida no género pinot-noir.
Aroma complexo, onde detectei notas de chocolate.
Um vinho fácil de gostar.
Nota: 17
Preço: 26.50

Quinta da Costa 2005
Um vinho mais tradicional do Douro, leva Touriga Nacional, entre outras.
De côr ruby intensa, nariz também intenso mas delicado, na boca é redondo com taninos presentes e bem polidos, encorpado.
Bebe-se já muito bem com comida mais gorda, mas deve melhorar com uns anos em garrafa.
Nota: 17
Preço: 23.50

Grande Escolha 2005
Este vinho é feito a partir de vinhas velhas, com mais de 60 anos, de baixo rendimento.
Tudo é muito seleccionado na sua elaboração, são as melhores uvas cujas vinhas podem variar de ano para ano, destas são escolhidos os lotes que se apresentem mais equilibrados, estagia 16 meses em barricas novas de carvalho francês, e fica ainda engarrafado durante um ano antes de sair para o mercado.
Um vinho de grande afinação, ainda um pouco fechado no nariz, muito rico com tudo em harmonia. Pura filigrana.
Gostaria de o voltar a provar daqui a uns anos.
Nota: 18
Preço: 40.00

Os vinhos apresentados eram todos de grande qualidade, muito equilibrados e bem conseguidos. Não sendo vinhos para o dia a dia, têm uma relacão qualidade/preço média.
A Lavradores de Feitoria, fundada em 2000 por proprietários de algumas das melhores quintas e terroirs do Douro, tem vindo a afirmar-se pela consistência de qualidade de ano para ano, introduzindo ao mesmo tempo novidades muito interessantes no mercado.
O que mais me surpreendeu pela positiva foi o branco Viosinho 2007, que já com pelo menos um ano em garrafa, está com um nariz magnífico, sem perder frescura.


Frederico Santos