segunda-feira, 31 de maio de 2010

Luis Pato Vinha Barrosa 2001


Já há algum tempo que andava para abrir o último exemplar que tinha deste vinho, após uns 3 anos desde a garrafa anterior.
Este fim de semana, ao fazer arrumações à garrafeira, não resisti e foi mesmo desta que o voltei a beber.
É sempre um prazer beber um vinho já com alguma idade (apesar de com 9 anos não ser ainda propriamente velho). Os vinhos que envelhecem bem ganham uma complexidade impossível de igualar por vinhos novos.
Abrir o vinho com 2 horas de antecedência foi importante para o bom desempenho, para limpar alguns aromas a garrafa.
O vinho tinha ainda uma cor granada bem carregada.
Nariz com boa intensidade, complexo, com muita coisa por dizer, com aromas balsâmicos, madeira, algum fumado. Após maior evolução no copo, surge a fruta preta, cerejas, ameixas, alguns toques abaunilhados, num conjunto muitíssimo bom, de grande prazer.
Na boca mostra-se em grande forma, pujante, um grande vinho. Fruta lado a lado com tosta de barrica, com acidez correcta, os taninos secos já amaciados, boa frescura, com um final levemente fumado de grande categoria e equilíbrio.
Pareceu-me que ainda tinha uns bons anos de vida pela frente.
Em suma, brilhou a grande altura num almoço, acompanhando uns lombos de porco preto e ratatouille.

Carlos Amaro

Vale D'Algares Selection Branco 2008


Bebi recentemente este vinho, uma novidade do produtor Vale D'Algares, que se coloca num patamar entre o Guarda Rios, entrada de gama do qual gosto bastante e o Vale D'Algares (Viognier), o patamar mais elevado da casa.
Para estreia, gostei muito deste Selection branco 2008, está um vinho muito bom, com um preço muito moderado para a qualidade.
É um vinho com um lote improvável, Alvarinho e Viognier, duas castas de outras zonas, mas que aqui funcionam muito bem juntas.
Tem uma bonita cor amarelo citrino, nariz com muita fruta madura, citrinos, acompanhado por alguma tosta, um toque floral e muito mineral.
Boca com belo perfil, é um vinho muito fresco, muito bem integrado com a barrica onde estagiou, sentem-se os citrinos e fruta madura (pêssego, manga), algum mineral, em harmonia com o leve tostado que confere um bom equilíbrio ao vinho.
Em suma um belo vinho, com excelente harmonia fruta/barrica e bela acidez.
Preço; 9€

Carlos Amaro

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Brancos monocasta

Foi no dia 14 de Maio, que nos juntámos em casa do Enes, para uma prova de vinhos brancos monovarietais, onde o Rui Correia nos presenteou com um belo arroz de tamboril. Éramos 11 provadores, para 10 vinhos.
Começámos pelo argentino Crios Torrontes 2009, que agradou a todos com a sua exuberância de aromas de frutos tropicais e de flores, sendo um vinho muito novo sem madeira, é muito fresco e agradável.
Passámos ao Alvarinho, com o Soalheiro Primeiras Vinhas 2008, que revelou grande complexidade com aromas herbáceos e alguns tostados, aliada a uma acidez bem equilibrada. A boca muito longa e mineral, com alguma fruta no ponto certo. Muito bom.
Seguiu-se um Arinto de Bucelas, o Morgado de Santa Catherina 2007 apresentou-se muito elegante, um vinho fino.
Saltámos para o Chardonnay com um 1er Cru da Borgonha, o Louis Latour "Chenevottes" 2007. Um vinho que se distinguiu não só pela sua complexidade aromática com aromas de baunilha amanteigados, fruta tropical e amendoas, mas também pela riqueza equilibrada na boca, e sobretudo pela sua persistência, com amendoas verdes, notas herbáceas e muito mineral deixando um ligeiro picante no final longuíssimo. Uma maravilha.
Para representar o Sauvignon-Blanc, fomos para o Neo-zelandês Villa Maria Reserve 2007 (já provado aqui). Tinha aromas adocicados, ervas, algo apetrolado. Na boca era doce e ácido em simultâneo, e com comprimento assinalável. Algum desequilíbrio fez com que este vinho não fosse apreciado por muitos dos provadores, não é para todos os gostos. Foi o vinho com maior disparidade de notas.
Seguimos para o Quinta dos Roques Encruzado 2008, que apresentou um nariz excelente, com fumados, ervas aromáticas, algo metálico. Na boca é redondo, mostrando ao mesmo tempo boa estrutura e bom comprimento. Uma revelação.
Continuámos com a uva Bical da Bairrada, representada pelo Luis Pato Vinha Formal 2008. Com um nariz muito bom, onde sobressairam aromas abaunilhados de barrica, toques florais e algum mineral. Na boca tem fruta madura, mas muito mineral e fresco, corpo cheio, com bastante complexidade e elegância. Um vinhão.
Avançámos para a casta Viognier, com o Madrigal 2008. Um vinho da Estremadura que é um luxo, com aromas de ervas de campo, alecrim, na boca tem um equilíbrio fenomenal.
Para representar a uva Antão Vaz tivemos o Dollium Escolha 2006, um alentejano com nariz muito complexo e intenso, na boca também muito bem conseguido o equilíbrio, mas talvez a começar a faltar-lhe alguma estrutura (este já tinha 4 anos).
Finalizámos com a uva Rabigato do Douro, representada pelo Dona Berta "Vinhas Velhas" 2007, que não impressionou muito, talvez por ser já no final de uma grande prova. Este vinho já se apresentou melhor em provas anteriores. Segue a média das pontuações atribuídas:

  • 17,2 Louis Latour Chenevottes 2007
  • 16,1 Quinta dos Roques Encruzado 2008
  • 15,9 Soalheiro Primeiras Vinhas 2008
  • 15,7 Luis Pato Vinha Formal 2008
  • 15,7 Dollium Escolha 2006
  • 15,3 Madrigal 2008
  • 15,3 Morgado Santa Catherina 2007
  • 14,8 Crios Torrontes 2009
  • 13,4 Villa Maria Reserve SB 2007
  • 13,4 Bona Berta Rabigato 2007

Ficámos assim a conhecer um pouco melhor algumas das principais uvas brancas que se usam por cá, bem como alguns exemplares de uvas brancas populares no estrangeiro.

Frederico Santos
Carlos Amaro
Mário Rui

domingo, 9 de maio de 2010

Prova Kracher na WOC

Na passada sexta-feira, 7 de Maio, tive o prazer de participar num evento de degustação promovido pela WOC sobre vinhos da casa Austríaca Kracher, vinhos esses que a WOC tem desde já à venda nas suas lojas. Esta casa produz fundamentalmente colheitas tardias, feitas na maior parte das vezes sobre uvas Chardonnay e Welschriesling atacadas pelo fungo Botrytis, mas produz também Icewines e colheitas tardias com a casta Moscatel, apenas para dar alguns exemplos. 
Sendo há muito tempo (anos) um grande adepto deste produtor e dos seus vinhos, fico consideravelmente satisfeito por os ter de novo à mão, após o fecho do Vinho&Coisas não era muito fácil encontra-los.

Focando nos vinhos, foram facultados para prova quatro vinhos diferentes, em crescendo de açúcar residual, de complexidade, estrutura e também de preço, seguindo a seguinte ordem:
  1. Auslese 2008
  2. Beernauslese 2007
  3. Trockenbeerenauslesen Muskat TBA Nº 1 2007
  4. Trockenbeerenauslesen Grand Cuvée TBA Nº 6 2007. 
  
Os dois primeiros são velhos conhecidos, companheiros assíduos de finais de tarde quentes no Verão. Os restantes eram estreias para mim e a razão fundamental de ter comparecido. 

OAuslese 2008 não me impressionou de todo. Ainda não tinha bebido a colheita 2008 e embora seja muito equilibrado na proporção açúcar/acidez (condição fundamental para que estes vinhos não sejam enjoativos), não apresenta grande complexidade e achei-o muitíssimo curto.
O Beernauslese 2007 já tinha bebido diversas vezes, é a colheita tardia que mais bebo (desta casa ou de outras) e faço parte do clube de fãs deste vinho. A um preço acessível (+ ou - 15€) é um vinho fantástico de equilíbrio, tem um final bastante longo e acima de tudo tem um perfil aromático fantástico, com notas de pêssego em calda e alguma laranja cristalizada. É absolutamente  impossível alguém não gostar deste vinho.

Os dois vinhos finais fazem parte da Collection Kracker, uma gama de vinhos numerados de 1 (menos açúcar residual) a 10 (mais açúcar residual), os Trockenbeerenauslesen, o topo da gama Kracker. São ambos vinhos fantásticos, convidam à meditação, mantendo um equilíbrio notável entre ácido e doce. 


O Muskat apresenta 162 g/l de açúcar residual, não estagiou em madeira, tem um perfil aromático bem distinto dos restantes, lembrando um pouco o nariz dos nossos Moscatel de Setúbal, onde ao pêssego em calda e laranja cristalizada somaria algum floral que não consigo descrever objectivamente. Na boca tinha um final longo dominando a passa de uva, fantástico.
O Grand Cuvée foi a grande estrela da prova, um vinho que considerei soberbo. Com 217 g/l de açúcar residual e estágio em carvalho francês, apresenta uma cor mais evoluída (dourado lindíssimo) e no nariz, por inerência do estágio em madeira, apresenta notas de frutos secos combinados com as notas de pêssego. Na boca é portentoso, tem um final longuíssimo, profundo, ficamos com a boca dominada por este néctar dos deuses.

Eu pessoalmente gosto destes vinhos sem acompanhamento, a acompanhar foie gras ou queijos bem intensos e salgados (queijo da ilha). Na prova foi sugerido o queijo Stilton. Vou experimentar logo que possa.

Nesta prova tive a companhia do co-autor deste blogue, o Carlos Amaro. Carlos, se quiseres acrescentar alguma coisa...


Boas provas,

MRC