Na passada sexta-feira, 7 de Maio, tive o prazer de participar num evento de degustação promovido pela WOC sobre vinhos da casa Austríaca Kracher, vinhos esses que a WOC tem desde já à venda nas suas lojas. Esta casa produz fundamentalmente colheitas tardias, feitas na maior parte das vezes sobre uvas Chardonnay e Welschriesling atacadas pelo fungo Botrytis, mas produz também Icewines e colheitas tardias com a casta Moscatel, apenas para dar alguns exemplos.
Sendo há muito tempo (anos) um grande adepto deste produtor e dos seus vinhos, fico consideravelmente satisfeito por os ter de novo à mão, após o fecho do Vinho&Coisas não era muito fácil encontra-los.
Focando nos vinhos, foram facultados para prova quatro vinhos diferentes, em crescendo de açúcar residual, de complexidade, estrutura e também de preço, seguindo a seguinte ordem:
- Auslese 2008
- Beernauslese 2007
- Trockenbeerenauslesen Muskat TBA Nº 1 2007
- Trockenbeerenauslesen Grand Cuvée TBA Nº 6 2007.
Os dois primeiros são velhos conhecidos, companheiros assíduos de finais de tarde quentes no Verão. Os restantes eram estreias para mim e a razão fundamental de ter comparecido.
OAuslese 2008 não me impressionou de todo. Ainda não tinha bebido a colheita 2008 e embora seja muito equilibrado na proporção açúcar/acidez (condição fundamental para que estes vinhos não sejam enjoativos), não apresenta grande complexidade e achei-o muitíssimo curto.
O Beernauslese 2007 já tinha bebido diversas vezes, é a colheita tardia que mais bebo (desta casa ou de outras) e faço parte do clube de fãs deste vinho. A um preço acessível (+ ou - 15€) é um vinho fantástico de equilíbrio, tem um final bastante longo e acima de tudo tem um perfil aromático fantástico, com notas de pêssego em calda e alguma laranja cristalizada. É absolutamente impossível alguém não gostar deste vinho.
Os dois vinhos finais fazem parte da Collection Kracker, uma gama de vinhos numerados de 1 (menos açúcar residual) a 10 (mais açúcar residual), os Trockenbeerenauslesen, o topo da gama Kracker. São ambos vinhos fantásticos, convidam à meditação, mantendo um equilíbrio notável entre ácido e doce.
O Muskat apresenta 162 g/l de açúcar residual, não estagiou em madeira, tem um perfil aromático bem distinto dos restantes, lembrando um pouco o nariz dos nossos Moscatel de Setúbal, onde ao pêssego em calda e laranja cristalizada somaria algum floral que não consigo descrever objectivamente. Na boca tinha um final longo dominando a passa de uva, fantástico.
O Grand Cuvée foi a grande estrela da prova, um vinho que considerei soberbo. Com 217 g/l de açúcar residual e estágio em carvalho francês, apresenta uma cor mais evoluída (dourado lindíssimo) e no nariz, por inerência do estágio em madeira, apresenta notas de frutos secos combinados com as notas de pêssego. Na boca é portentoso, tem um final longuíssimo, profundo, ficamos com a boca dominada por este néctar dos deuses.
Eu pessoalmente gosto destes vinhos sem acompanhamento, a acompanhar foie gras ou queijos bem intensos e salgados (queijo da ilha). Na prova foi sugerido o queijo Stilton. Vou experimentar logo que possa.
Nesta prova tive a companhia do co-autor deste blogue, o Carlos Amaro. Carlos, se quiseres acrescentar alguma coisa...
Boas provas,
MRC
1 comentário:
Os 2 últimos vinhos foram mesmo fantásticos.
No caso do Beernauslese 2007, estou como o Mário Rui, deve ser dos colheitas tardias que mais bebo, e é um vinho do qual é impossível não gostar.
Os 2 finais são mesmo um campeonato à parte.
O Muskat tem um nariz incrível, numa explosão de aromas difícil deixar de cheirar.
No Grand Cuvée, tem uma complexidade de sabores fantástica e um final que nunca mais acaba.
Foi também o meu favorito.
Enviar um comentário