quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cono Sur Chardonnay Reserve 2005


Depois de repetidas provas deste vinho que o têm tornado um dos meus brancos favoritos para o dia a dia, venho publicar aqui uma nota de prova.

Castas: Chardonnay
Origem: Casablanca Valley, Chile
Enologia: Adolfo Hurtado
Vol: 13,5%.
Preço: 9€

Côr amarelo citrino.Aroma bastante intenso, com notas de baunilha e ligeira tosta. Bastante fruta para um branco de já 4 anos, com limão, lima, e algum fruto tropical. Algumas notas de mel.
Boca com bom corpo e excelente acidez. A tosta continua a mostrar-se bem como a fruta citrina e tropical já presentes no nariz.Final longo e com um toque de mel, junto com a acidez. Tudo muito bem feito e no lugar.
Para mim um muito bom branco chileno, frutado, com a madeira muito bem integrada e nada pesada. Gostei muito deste vinho, com um belo preço.
Podia servir de modelo a muitos chardonnays portugueses pesadões e com excesso de madeira que por aí andam. Ainda mais surpreendente por ser já de 2005.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Villa Maria Reserve


Na loja Wine o'Clock de Aveiro, foram apresentados dois topos de gama do produtor neo-zelandês Villa Maria, pelo director da Revista de Vinhos, Luis Lopes:

- Sauvignon Blanc Reserve 2007
- Pinot Noir Reserve 2005

O branco, cheirava inequivocamente a lichias. Na boca era seco, muito fresco, o que não é normal para os sauvignons neo-zelandeses que no geral são mais docinhos. Um branco que se pode guardar devido à boa acidez, e com enorme potencia aromática.
Foi ainda comentado que acompanha especialmente bem marisco cozinhado (sem ser simplesmente cozido).

O tinto, com a côr ligeiramente esbatida do pinot-noir, cheirava muito bem a fruta fresca, morangos, groselhas, especiarias, muito complexo.
Na boca era demasiado suave para o meu gosto, magro, mas tinha um final longo que deixava um picantezinho na boca. Bebe-se muito bem.
Não é o meu estilo de vinho, mas foi comentado que é o estilo preferido dos grandes apreciadores de vinho. Pelo menos, o jornalista Luis Lopes, o dono da loja, e o produtor Carlos Campolargo pareciam os 3 deliciados.
Um vinho que acompanha bem carnes pouco gordas (aves, caça, ...).

Estes dois vinhos têm a particularidade de serem de vinhas únicas (e velhas) da região de Marlborough, o que para um produtor com a dimensão da Villa Maria, com vinhas por toda a Nova Zelândia, que tradicionalmente faz vinhos de vários lotes, é uma grande distinção.

Dois grandes vinhos do Novo Mundo, de estilo reserva como o nome indica, com um perfil mais europeu, mais elegante e austero, mas com outra fruta a sustentar o conjunto.
Estas garrafas custam vinte e poucos euros cada uma, não são baratas, mas é um preço acessivel para acompanhar uma refeição mais especial.
Em Portugal não se fazem Sauvignons nem Pinots com esta qualidade.

Frederico Santos

terça-feira, 24 de março de 2009

Grande Compra - Borges Reserva Tinto 2005


Viva,

Ontem tive a oportunidade de provar um tinto do Douro de grande categoria a um preço verdadeiramente formidável (13,99€ no Jumbo). Trata-se do Borges Reserva 2005. É um dos Douros mais afinados que bebi nos últimos anos, pleno de elegância (não é só a Nieeport que faz vinhos elegantes :-) ), mas ao mesmo tempo com um corpo imenso e um final longo onde a complexidade do vinho se manifesta em novas formas. Tudo isto a um preço longe da bitola + de 50€ que se tem instalado em vinhos de topo no Douro (uma vergonha digo eu...)

Para complemento de descrição, diga-se que no aroma destacam-se os frutos pretos e algum chocolate em plena harmonia. A cor é carregada e muito bonita.

Nota: eu não resisti e comprei umas quantas...

Abraços,

Mário Rui da Costa

sexta-feira, 13 de março de 2009

Apresentação de vinhos Quinta da Falorca


Foi na Loja do Chá em Aveiro, que o produtor Pedro Figueiredo da Quinta da Falorca veio apresentar a sua gama de vinhos.
Trata-se de um produtor da região de Silgueiros, região esta que tem conseguido manter uma reputação de qualidade ao longo de várias décadas, a qual não é alheia à influencia desta familia, que já esteve à frente da Adega Cooperativa de Silgueiros e da UDACA.
A casta predominante é a Touriga Nacional, que ocupa 60% das vinhas do produtor, sendo o restante plantado com outras castas tipicas do Dão.

Os vinhos apresentados foram:
- "E" (de e-mail), o vinho de combate da casa, com um preço a rondar os 5 euros.
- "C" de Colheita Seleccionada 2005, um vinho mais trabalhado.
- T-Nac 2005, o grande sucesso de vendas da casa, feito apenas com Touriga Nacional, e sem estágio significativo em madeira.
- "R" de Reserva 2003
- Touriga Nacional 2003, no estilo reserva, com estágio muito prolongado em madeira (18 meses)
- "G" de Garrafeira 2003

Gostei muito do "E", para vinho do dia a dia está muito bom, sente-se bem a touriga mas está muito equilibrado. Deixou-me uma boa recordação.
O Colheita Seleccionada, já com estágio em madeira, está mais elegante, muito suave, para o meu gosto falta-lhe alguma personalidade, mas é um bom vinho por cerca de 10 euros.
T-Nac é um vinho com muita fruta, muito concentrado, mas bem equilibrado. Para quem gosta de tintos frutados, este é muito bom e vale bem os 12 euros que custa.
o Reserva 2003 é um vinho muito afinado, com aromas intensos e complexos, muito suave na boca, mais encorpado que o Colheita Seleccionada, e com um final muito agradável e longo.
No Touriga Nacional, com estágio em madeira, sobressai a fruta da touriga, mas é mais complexo e elegante que o T-Nac. Mais frutado que o Reserva.
O Garrafeira 2003 é um grande vinho, côr opaca, aromas muito complexos e intensos, muito concentrado na boca e ao mesmo tempo muito redondo. Fez-me lembrar o estilo do Pape do Álvaro de Castro. Um vinho que pode ser guardado por mais de uma década, mas que já está pronto a beber.

Todos os vinhos demonstravam uma grande afinação, todos têm boa acidez que os torna vinhos de grande longevidade, feitos com o saber de décadas de experiência acumulada, só saem para o mercado ao fim de alguns anos, e apenas quando o produtor acha que devem sair, pois foi comentado que prefere não colocar um vinho menos bom no mercado e assumir perdas imediatas nesse ano, do que comprometer o futuro da casa.

Os preços variavam entre os 5 euros e os 35, sendo os 3 ultimos vinhos bem demarcados em termos de qualidade, com preços a partir dos 18 euros.
Todos eles são boas relações qualidade preço.

Fiquei com vontade de provar o Rosé, que é feito com Touriga Nacional, e a avaliar pela qualidade dos vinhos apresentados, deve ser muito bom.

Segue um link para um blog que contem notas de prova de um evento equivalente em Lisboa:
http://osvinhos.blogspot.com/2007/10/prova-de-vinhos-quinta-da-falorca-na.html


Frederico Santos

sábado, 7 de março de 2009

Vintages clássicos da Taylor's




Foi durante o evento "Essência do Vinho" organizado anualmente no palácio da bolsa no Porto que realizámos esta prova.
Tratava-se de uma prova comentada de vintages clássicos da casa Taylor's, apresentada pelo enólogo David Guimaraens, onde foram provados 8 vintages Taylor's entre 1977 e 2003, faltando apenas o de 1983.
Esta prova decorreu na sala do tribunal do palácio da bolsa, onde foram realizadas as Entronizações da Confraria do Vinho do Porto até 1995, antes de transitarem para o Pátio das Nações, onde ao mesmo tempo que decorria a nossa prova estavam as bancas dos produtores num verdadeiro reboliço, pois era sábado à tarde.

Os vinhos apresentados foram:

  • 1977 - côr ligeiramente atijolada, no nariz sobressaem passas, chocolate, especiarias, embora contenha muito mais aromas na sua complexidade. Na boca é sedoso, com um final interminável. Muito elegante. Um vintage com 32 anos no seu estado maduro.

  • 1980 - côr ruby pálida, com algumas notas de passas e massapão, muita fruta, menos complexo que o de 1977. Na boca sentem-se bons taninos, "spicy", tem um final muito longo.

  • 1985 - côr ruby menos pálida, nariz suave mas complexo, na boca muita estrutura e muito equilibrio. Bom para guardar pelo menos uma década.

  • 1992 - côr ruby, nariz muito complexo, já perdeu a fruta jovem, na boca é forte mas muito equilibrado nos taninos. Gostei muito deste. Notou-se uma diferença relativamente ao estilo dos 3 vinhos anteriores.

  • 1994 - côr mais aloirada que o 92, muita complexidade: frutos silvestres, couro, chocolate. Na boca é muito redondo, sente-se a intensidade da fruta. No final fica alguma adstringência.

  • 1997 - côr mais ruby que o anterior, aromas de ameixa madura, azeitonas, chocolate, especiarias. Muito bom na boca, com alguns taninos bem equilibrados. Um vintage de concentração.

  • 2000 - mais ruby que o anterior, muito complexo e intenso no nariz, muita fruta, couro. Na boca sentem-se os taninos que não deixam uma boa recordação no final, que é muito longo.

  • 2003 - côr retinta, nariz muito concentrado, complexo mas equilibrado. Na boca é extraordinário, potente e redondo ao mesmo tempo.
Os que mais me impressionaram, foram o 1977 e o 1980 pela complexidade e elegancia, o 1992 pelo potencial, e o 2003 pelo equilibrio.
Eram todos vinhos excelentes, pelo que não vou pontuá-los. É curioso como todos os anos são diferentes, com caracteristicas muito distintas. Vinhos com personalidade.

No final, ainda fomos dar uma volta rápida por alguns stands, onde ainda provei:
- Niepoort colheita 1987 (excelente)
- Dalva colheita 1975 (nariz óptimo, mas na boca tem um travo que não me agradou)
- Noval vintage Silval 2005 (divinal)
Dos quais destaco o vintage da Quinta do Noval, que me seduziu por completo.

Frederico Santos

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Jantar Vintage

O objectivo do jantar era abrir uma garrafa de porto Niepoort Vintage de 1982.
O jantar foi em casa do Fred, com 8 participantes, e o menu foi:

- Foie-Gras grelhado, com confit de cebola e chutney de manga
- Lombinhos de veado assados com batata gratinada e molho de frutos silvestres
- Chocolate preto e ovos moles

Os vinhos servidos foram:

- Matua Valley Botrytis Riesling 2007 (NZ)
- Casal Figueira 9,5
- Jota 2005
- Batuta 2001
- Robustus 2004
- Porto Niepoort Vintage 1982
- Porto Pintas Vintage 2005
- Porto Niepoort Vintage 2005
- Porto Niepoort 10 Years Old White


O Jota 2005, apesar de ser um vinho 4 vezes mais barato que os outros tintos, não se desenquadrou, e mostrou-se um vinho muito agradável e equilibrado.

O Batuta 2001 estava muito bom, a acusar a idade com uma ligeira côr atijolada, um nariz suave mas complexo, muito redondo na boca e a deixar uma boa recordação no final. Tinha muito depósito, acho que foi aberto em boa altura.

O Robustus 2004 é um vinho dificil de não gostar, irrepreensivel no equilibrio, com fruta qb no nariz, na boca é fresco e sente-se o sabor das boas uvas com que foi feito, amaciado pela madeira mas sem se sentir qualquer sabor "amadeirado", tal é o equilibrio conseguido. Um vinho excelente.

O vintage de 1982, depois de ser decantado algumas horas antes, estava divinal, a côr aloirada escura, o nariz intenso e delicado onde sobressaiam as passas de uva, muito elegante, na boca parecia seda.

Abrimos o vintage Pintas 2005, que estava muito bom, mas com um perfil completamente distinto, neste vintage novo o nariz era mais intenso e mais bruto, a atirar-nos com notas de frutos silvestres e ameixas maduras, muito frutado, na boca mostrou-se algo desiquilibrado para o meu gosto, demasiada fruta torna-o um pouco enjoativo.

Abrimos um vintage Niepoort 2005, que continua a ser dos melhores vintages novos que tenho provado, muito intenso no nariz, com mais complexidade, tambem muito frutado mas sem enjoar. Potencia controlada. Este vintage promete.

Entretanto ainda houve quem provasse um colheita Kopke 1978 que andava aberto lá em casa, para felicidade do Ivo era do ano em que ele nasceu, este com mais madeira no nariz, num estilo diferente, mas comparável com o vintage de 1982, pela sua elegancia e fineza.

Abrimos ainda um porto branco de 10 anos, engarrafado em 2008, uma novidade da Niepoort, cujo nariz era delicioso, com notas de passas que me fizeram lembrar o moscatel, mas na boca é seco, o que o torna um excelente aperitivo.

Cumprimos assim o nosso objectivo pedagógico que era provarmos um vintage com mais de 20 anos.
Fiquei a saber que os vintages velhos ganham aromas de passas de uva, enquanto os colheitas velhos (os unicos vinhos que posso comparar com este vintage) ganham aromas de madeira velha e frutos secos.

Dois estilos diferentes de porto envelhecido, ambos muito elegantes e finos, de tal modo que não me consigo decidir de qual gosto mais.

Tenho de continuar a provar...

Frederico Santos

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tintos do Alentejo

Começámos as lides vínicas de 2009 com uma prova dedicada aos tintos do Alentejo.
Esta prova foi efectuada em casa do Enes, acompanhada de uns grelhados de porco preto, enchidos e queijos alentejanos.
Éramos 12 provadores, para 5 vinhos oficiais (2 garrafas de cada), mais uns vinhos gentilmente oferecidos por alguns participantes.

Segue a média das pontuações atribuidas:

  • 17,4 - Gloria Reynolds 2004

  • 17,1 - Quinta do Mouro 2003

  • 17,0 - Dona Maria Reserva 2003

  • 16,0 - Vale de Ancho Reserva 2004

  • 15,9 - António Maria 2002

  • 15,6 - Quinta da Viçosa -TM - 2003
Destacam-se os 3 primeiros com mais de 17 pontos, mas o que mais agradou a todos foi o "Gloria Reynolds" que é um vinho realmente sublime.
O "António Maria 2002" foi um dos vinhos oferecidos, que deveria ter sido decantado e merecia uma prova mais cuidada. Foi pontuado apenas por 4 pessoas, e de alguma forma penalizado por ser provado à pressa e não ter arejado o suficiente.
Também bebemos um "Herdade do Meio Garrafeira 2004", que era muito bom, mas esse não foi pontuado, foi só para aquecer enquanto se preparava a comida...

Para mim, a melhor relação qualidade/preço é o "Gloria Reynolds", que à data desta edição custa 32.5 euros no Jumbo. É o mais caro, mas a diferença de preço justifica-se pelo prazer que proporciona a sua degustação, pois os outros vinhos pontuados custam todos acima de 25 euros.
Um vinho especial, que sabe bem em qualquer ocasião.

Vale a pena visitar o site http://www.gloriareynolds.com/ para conhecer um pouco a história da familia Reynolds que há já mais de 100 anos se dedica ao vinho em Portugal. Dizem que foram eles que introduziram a casta "Alicante Bouschet" no Alentejo, que tão típica se tornou nos vinhos alentejanos.
Vinhos desta categoria não nascem do acaso.

Frederico Santos