Com algum atraso (foi já a 25 de Fevereiro), segue-se a descrição da visita efetuada à Quinta do Pôpa.
A Quinta do Pôpa, que anteriormente tinha o nome de Quinta de Vidiedo, está localizada no coração do Douro, junto a Adorigo - Tabuaço, encostada à EN 222, com uma vista fabulosa do rio Douro.
Actualmente, a Quinta do Pôpa reúne 14 hectares de vinha, composta por uma mistura de castas tintas, entre as quais a Tinta Roriz, Touriga Naciona, Touriga Franca, Tinto Cão, Sousão e Malvasia Preta.
Nas vinhas destaca-se um talhão de três hectares de vinhas velhas com idade superior a 60 anos de idade.
Trata-se de um projecto assente sob uma estrutura familiar, e que tem desde 2008 a consultoria de Luis Pato na enologia.
O dia estava fantástico, e à chegada começa logo por impressionar a magnífica vista de que se desfruta da propriedade. A quinta tem uma localização privilegiada junto a rio, sendo a vista um excelente cartão postal para os visitantes.
Na visita, fomos excelentemente recebidos pelo Stéphane Ferreira, que nos guiou pela cave e adega da quinta, onde estão os lagares, cubas inox e sala de barricas para estágio dos vinhos, sala essa curiosamente chamada de sala do tempo, com variados relógios nas paredes.
Passamos depois à sala de provas, um espaço simpático e acolhedor onde tivemos a oportunidade de provar praticamente todos os vinhos do produtor.
- Contos da Terra Branco 2010: Frutado e fresco. Simples e bem feito.
- Preffacio Branco 2011: Muito cítrico e mineral. Boa persistencia, belo vinho
- Preffacio Rosé 2011: Fruta vermelha, floral boa acidez. Perfil mais seco do que a maioria dos rosés que conheço
- Preffacio Tinto 2009: Muita fruta no nariz e grande frescura. Na boca, fruta e acidez elevada, a dar-lhe frescura. Vinho a pedir comida.
- Pôpa Touriga Nacional 2008: Fruta silvestre, tostados, bergamota, algum couro. Na boca tem grande estrutura, com a fruta a sobressair, taninos elegantes, com algum couro ao fundo. Complexo e persistente.
- Pôpa Tinta Roriz 2008: Fruta madura no nariz, especiarias, tosta. Na boca é muito fresco, com fruta vermelha, chocolate negro, especiarias, boa acidez.
- Pôpa VV 2008: Fruta preta madura, floral, tostados, especiarias, o mais complexo de todos. Grande estrutura na boca, é fresco e elegante. Fruta silvestre, cacau, especiarias, madeira muito bem integrada. Longo e complexo. O meu vinho favorito.
- TrePA 2008: Muito fresco no nariz, aromas a fruta, algum vegetal. Excelente corpo e frescura. Na boca, mais acidez e notas vegetais do que os anteriores, provavelmente da baga, muito boa estrutura de boca, final longo.
Qualidade média dos vinhos elevada, mas não posso deixar de destacar o Vinhas Velhas e o Trepa, que são vinhos fantásticos.
Bela surpresa também dos Preffácio, qualquer um deles muito bem.
Bela surpresa também dos Preffácio, qualquer um deles muito bem.
Depois, voltamos ainda à adega para provar alguns dos vinhos que estão ainda em barrica ou nas cubas, tendo provado de 2011 o Touriga Nacional (TN), o Tinta Roriz VV, o Vinhas Velhas, e o Popa Homenagem.
Fiquei muito bem impressionado pela qualidade geral dos vinhos de 2011, que prometem muito nesta fase. O Touriga Nacional e a Tinta Roriz estão ambos excelentes (pela primeira vez vinificaram a Tinta Roriz separando em vinhas velhas e vinhas novas,o que vai permitir trabalhar melhor o lote), mas foram o Vinhas Velhas e o Homenagem que realmente impressionaram. Vão ser um caso muito sério quando forem lançados.
Passamos de seguida aos vinhos de 2012, tendo provado o TN, TR VV, Vinhas Velhas.
Nos 2012, apesar de ainda estar muito no inicio de vida, o Vinhas Velhas voltou a impressionar, bem como o Touriga Nacional, que mostra uns aromas à casta como poucas vezes vi no Douro. É a Touriga que vem nos livros.
A prova terminou com o Tinto Doce de 2012 (ainda em inox) e o 2011, este já no mercado. É um vinho muito interessante, com aroma fresco a frutos vermelhos. Na boca é elegante, apresentando um bom equilíbrio entre os taninos e a doçura.
Em resumo, foi uma belíssima visita, com vinhos excelentes, a fechar com chave de ouro uns dias passados no Douro.
Resta-me agradecer ao Stéphane Ferreira, pela visita e desejar-lhe felicidades no seu projecto.
Carlos Amaro
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