Foi com grande alegria que me desloquei à Quinta de Nápoles, no coração do Douro, para uma apresentação das novidades da Niepoort. É sempre uma emoção ver aquela paisagem esculpida, que é das poucas coisas que me faz ter orgulho de ser português.
Começámos por provar umas amostras de casco de Robustus 2007 e 2008, e também de um Cabernet que ainda não tem nome mas está muito bom. Provámos ainda um porto que está a ser feito na quinta em pipas velhas trazidas de Gaia, e que promete muito.
A prova "oficial" já na parte de cima da adega, era constituida essencialmente por brancos de 2008 e tintos de 2007. Estas colheitas têm a particularidade de serem as primeiras a serem vinificadas inteiramente na adega nova, um projecto que demorou 9 anos a concretizar, e que para a equipa Niepoort foi uma grande conquista por não estarem dependentes de espaços de terceiros.
Os brancos apresentados foram:
- Tiara 2008
- Redoma 2008
- Redoma Reserva 2008
- Riesling Dócil 2008
- Navazos 2008
Os tintos:
- Diálogo 2007
- Vertente 2007
- Redoma 2007
- Batuta 2007
- Robustus 2005
- Charme 2007
- OmLet 2005
- 7º Doda (2007)
- cabernet sem rótulo.
e ainda uns franceses Hermitage, os quais já não cheguei a provar pois ainda tinha uma viagem de 150 km para fazer, e passei directo para o porto vintage 2007.
Estes brancos de 2008 estão muito bons, talvez até melhores que os de 2007 que foi um ano excelente para vinhos brancos. Destaco o Tiara pela sua frescura, o Redoma normal que me soube melhor que o reserva que é mais untuoso, o Riesling dócil continua delicioso (e guloso), o Navazos é um vinho muito fora do normal, é muito bom mas estranhei aqueles aromas quimicos e a falta de acidez na boca, não é para todos os gostos.
Quanto aos tintos, 2007 foi realmente um ano de excepção.
Surpreendeu o Vertente que está com uma relação q/p formidável, e destacaria talvez o Charme no meio de todos estes vinhos veneráveis, que está com uma elegância e uma complexidade tremendas. Eu que até normalmente prefiro o Batuta fiquei rendido a este Charme 2007 que já está um mimo de vinho.
Mas com certeza que alguns destes vinhos terão mais qualquer coisa a dizer daqui a uns anos.
De destacar tambem o vinho elaborado em parceria com Telmo Rodriguez, cujo nome temporário é Omlet (Telmo invertido), um vinho que foi desengaçado à mão, e que está tambem com uma elegância fora de série.
O 7º Doda também está excelente.
Os vinhos eram todos muito bons e começam a faltar adjectivos para lhes fazer justiça.
Passemos ao vintage 2007, que está um vinho cheio de garra, com grande potencial de envelhecimento, e onde o equilibrio é notório. Nariz muito complexo com aromas de especiarias, frutos silvestres, ervas, chocolate, na boca sentem-se alguns taninos, mas tudo muito bem equilibrado no seu conjunto, com um final muito persistente e feliz.
Tive ainda o privilégio de provar um garrafeira de 1977, um estilo de porto exclusivo da Niepoort, que não tenho palavras para descrever, a não ser felicidade em estado liquido.
Provar estes vinhos, naquele local, com estas pessoas que fazem parte da familia Niepoort, e sentir o seu merecido orgulho em apresentar estes vinhos de excelsa qualidade, que são fruto de muita dedicação, foi uma experiência emocionante.
Frederico Santos
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