quinta-feira, 26 de março de 2009

Villa Maria Reserve


Na loja Wine o'Clock de Aveiro, foram apresentados dois topos de gama do produtor neo-zelandês Villa Maria, pelo director da Revista de Vinhos, Luis Lopes:

- Sauvignon Blanc Reserve 2007
- Pinot Noir Reserve 2005

O branco, cheirava inequivocamente a lichias. Na boca era seco, muito fresco, o que não é normal para os sauvignons neo-zelandeses que no geral são mais docinhos. Um branco que se pode guardar devido à boa acidez, e com enorme potencia aromática.
Foi ainda comentado que acompanha especialmente bem marisco cozinhado (sem ser simplesmente cozido).

O tinto, com a côr ligeiramente esbatida do pinot-noir, cheirava muito bem a fruta fresca, morangos, groselhas, especiarias, muito complexo.
Na boca era demasiado suave para o meu gosto, magro, mas tinha um final longo que deixava um picantezinho na boca. Bebe-se muito bem.
Não é o meu estilo de vinho, mas foi comentado que é o estilo preferido dos grandes apreciadores de vinho. Pelo menos, o jornalista Luis Lopes, o dono da loja, e o produtor Carlos Campolargo pareciam os 3 deliciados.
Um vinho que acompanha bem carnes pouco gordas (aves, caça, ...).

Estes dois vinhos têm a particularidade de serem de vinhas únicas (e velhas) da região de Marlborough, o que para um produtor com a dimensão da Villa Maria, com vinhas por toda a Nova Zelândia, que tradicionalmente faz vinhos de vários lotes, é uma grande distinção.

Dois grandes vinhos do Novo Mundo, de estilo reserva como o nome indica, com um perfil mais europeu, mais elegante e austero, mas com outra fruta a sustentar o conjunto.
Estas garrafas custam vinte e poucos euros cada uma, não são baratas, mas é um preço acessivel para acompanhar uma refeição mais especial.
Em Portugal não se fazem Sauvignons nem Pinots com esta qualidade.

Frederico Santos

terça-feira, 24 de março de 2009

Grande Compra - Borges Reserva Tinto 2005


Viva,

Ontem tive a oportunidade de provar um tinto do Douro de grande categoria a um preço verdadeiramente formidável (13,99€ no Jumbo). Trata-se do Borges Reserva 2005. É um dos Douros mais afinados que bebi nos últimos anos, pleno de elegância (não é só a Nieeport que faz vinhos elegantes :-) ), mas ao mesmo tempo com um corpo imenso e um final longo onde a complexidade do vinho se manifesta em novas formas. Tudo isto a um preço longe da bitola + de 50€ que se tem instalado em vinhos de topo no Douro (uma vergonha digo eu...)

Para complemento de descrição, diga-se que no aroma destacam-se os frutos pretos e algum chocolate em plena harmonia. A cor é carregada e muito bonita.

Nota: eu não resisti e comprei umas quantas...

Abraços,

Mário Rui da Costa

sexta-feira, 13 de março de 2009

Apresentação de vinhos Quinta da Falorca


Foi na Loja do Chá em Aveiro, que o produtor Pedro Figueiredo da Quinta da Falorca veio apresentar a sua gama de vinhos.
Trata-se de um produtor da região de Silgueiros, região esta que tem conseguido manter uma reputação de qualidade ao longo de várias décadas, a qual não é alheia à influencia desta familia, que já esteve à frente da Adega Cooperativa de Silgueiros e da UDACA.
A casta predominante é a Touriga Nacional, que ocupa 60% das vinhas do produtor, sendo o restante plantado com outras castas tipicas do Dão.

Os vinhos apresentados foram:
- "E" (de e-mail), o vinho de combate da casa, com um preço a rondar os 5 euros.
- "C" de Colheita Seleccionada 2005, um vinho mais trabalhado.
- T-Nac 2005, o grande sucesso de vendas da casa, feito apenas com Touriga Nacional, e sem estágio significativo em madeira.
- "R" de Reserva 2003
- Touriga Nacional 2003, no estilo reserva, com estágio muito prolongado em madeira (18 meses)
- "G" de Garrafeira 2003

Gostei muito do "E", para vinho do dia a dia está muito bom, sente-se bem a touriga mas está muito equilibrado. Deixou-me uma boa recordação.
O Colheita Seleccionada, já com estágio em madeira, está mais elegante, muito suave, para o meu gosto falta-lhe alguma personalidade, mas é um bom vinho por cerca de 10 euros.
T-Nac é um vinho com muita fruta, muito concentrado, mas bem equilibrado. Para quem gosta de tintos frutados, este é muito bom e vale bem os 12 euros que custa.
o Reserva 2003 é um vinho muito afinado, com aromas intensos e complexos, muito suave na boca, mais encorpado que o Colheita Seleccionada, e com um final muito agradável e longo.
No Touriga Nacional, com estágio em madeira, sobressai a fruta da touriga, mas é mais complexo e elegante que o T-Nac. Mais frutado que o Reserva.
O Garrafeira 2003 é um grande vinho, côr opaca, aromas muito complexos e intensos, muito concentrado na boca e ao mesmo tempo muito redondo. Fez-me lembrar o estilo do Pape do Álvaro de Castro. Um vinho que pode ser guardado por mais de uma década, mas que já está pronto a beber.

Todos os vinhos demonstravam uma grande afinação, todos têm boa acidez que os torna vinhos de grande longevidade, feitos com o saber de décadas de experiência acumulada, só saem para o mercado ao fim de alguns anos, e apenas quando o produtor acha que devem sair, pois foi comentado que prefere não colocar um vinho menos bom no mercado e assumir perdas imediatas nesse ano, do que comprometer o futuro da casa.

Os preços variavam entre os 5 euros e os 35, sendo os 3 ultimos vinhos bem demarcados em termos de qualidade, com preços a partir dos 18 euros.
Todos eles são boas relações qualidade preço.

Fiquei com vontade de provar o Rosé, que é feito com Touriga Nacional, e a avaliar pela qualidade dos vinhos apresentados, deve ser muito bom.

Segue um link para um blog que contem notas de prova de um evento equivalente em Lisboa:
http://osvinhos.blogspot.com/2007/10/prova-de-vinhos-quinta-da-falorca-na.html


Frederico Santos

sábado, 7 de março de 2009

Vintages clássicos da Taylor's




Foi durante o evento "Essência do Vinho" organizado anualmente no palácio da bolsa no Porto que realizámos esta prova.
Tratava-se de uma prova comentada de vintages clássicos da casa Taylor's, apresentada pelo enólogo David Guimaraens, onde foram provados 8 vintages Taylor's entre 1977 e 2003, faltando apenas o de 1983.
Esta prova decorreu na sala do tribunal do palácio da bolsa, onde foram realizadas as Entronizações da Confraria do Vinho do Porto até 1995, antes de transitarem para o Pátio das Nações, onde ao mesmo tempo que decorria a nossa prova estavam as bancas dos produtores num verdadeiro reboliço, pois era sábado à tarde.

Os vinhos apresentados foram:

  • 1977 - côr ligeiramente atijolada, no nariz sobressaem passas, chocolate, especiarias, embora contenha muito mais aromas na sua complexidade. Na boca é sedoso, com um final interminável. Muito elegante. Um vintage com 32 anos no seu estado maduro.

  • 1980 - côr ruby pálida, com algumas notas de passas e massapão, muita fruta, menos complexo que o de 1977. Na boca sentem-se bons taninos, "spicy", tem um final muito longo.

  • 1985 - côr ruby menos pálida, nariz suave mas complexo, na boca muita estrutura e muito equilibrio. Bom para guardar pelo menos uma década.

  • 1992 - côr ruby, nariz muito complexo, já perdeu a fruta jovem, na boca é forte mas muito equilibrado nos taninos. Gostei muito deste. Notou-se uma diferença relativamente ao estilo dos 3 vinhos anteriores.

  • 1994 - côr mais aloirada que o 92, muita complexidade: frutos silvestres, couro, chocolate. Na boca é muito redondo, sente-se a intensidade da fruta. No final fica alguma adstringência.

  • 1997 - côr mais ruby que o anterior, aromas de ameixa madura, azeitonas, chocolate, especiarias. Muito bom na boca, com alguns taninos bem equilibrados. Um vintage de concentração.

  • 2000 - mais ruby que o anterior, muito complexo e intenso no nariz, muita fruta, couro. Na boca sentem-se os taninos que não deixam uma boa recordação no final, que é muito longo.

  • 2003 - côr retinta, nariz muito concentrado, complexo mas equilibrado. Na boca é extraordinário, potente e redondo ao mesmo tempo.
Os que mais me impressionaram, foram o 1977 e o 1980 pela complexidade e elegancia, o 1992 pelo potencial, e o 2003 pelo equilibrio.
Eram todos vinhos excelentes, pelo que não vou pontuá-los. É curioso como todos os anos são diferentes, com caracteristicas muito distintas. Vinhos com personalidade.

No final, ainda fomos dar uma volta rápida por alguns stands, onde ainda provei:
- Niepoort colheita 1987 (excelente)
- Dalva colheita 1975 (nariz óptimo, mas na boca tem um travo que não me agradou)
- Noval vintage Silval 2005 (divinal)
Dos quais destaco o vintage da Quinta do Noval, que me seduziu por completo.

Frederico Santos