quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Novos Vinhos João Portugal Ramos

No passado dia 6/12, os 3 nos copos juntaram-se em prova/jantar para conhecer e provar os novos vinhos do produtor João Portugal Ramos, João Portugal Ramos Estremus 2011 e Duorum o.Leucura Cota 200 e Duorum o.Leucura Cota 400, sendo estes vinhos a nova aposta do produtor para o melhor que produz no Alentejo e Douro.
Começando pelos vinhos do Douro, o nome O. Leucura é o nome abreviado do pássaro Oenanthe Leucura, comummente denominado de “chasco-preto”, que tem como habitat o vale do Douro e que existe nas vinhas de Castelo Melhor.
São vinhos de produção muito limitada, de pouco mais de 200 garrafas cada, saídos da Quinta de Castelo Melhor, tendo sido experimentado algo de novo e original: dois vinhos da mesma vinha, mas de diferentes altitudes, o que torna a prova muito interessante, para poder perceber como dois vinhos saídos da mesma vinha, mas de cotas diferentes de altitude, podem ter características diferentes.

Ambos os vinhos são feitos de Vinhas Velhas com predominância de Touriga Nacional e Touriga Franca, e após fermentação em inox, tiveram estágio em barricas de 225 e 300 litros de carvalho francês (70% de barricas de carvalho novo e 30% de carvalho de segundo e terceiro ano) durante um período de cerca de 24 meses, de acordo com cada lote e casta.

Notas de prova de cada vinho
Duorum O.Leucura Cota 200 2008
Cor vermelha escura. Nariz intenso de frutos pretos maduros, toques algum floral e notas de tosta da barrica. Na boca é extremamente elegante, mas com grande estrutura, com a fruta madura equilibrada por acidez e notas minerais, com muito boa persistência de boca.
Deve ser aberto com alguma antecedência para mostrar todo o seu potencial.

Duorum O.Leucura Cota 400 2008
Cor vermelho profundo e escuro. Aroma mais fino e elegante, com frutos pretos e notas de violeta. É mais especiado que o Cota 200, com um toque de esteva, resinoso e um lado mais vegetal.
Na boca é fresco, elegante, boa estrutura, notando-se a fruta mais fresca e impressões minerais. Final muito longo, e acidez mais vincada que o irmão. Um vinho com corpo semelhante, mas onde se nota uma maior frescura e acidez.

Em resumo, são dois grandes vinhos com características semelhantes mas onde a diferença da altitude é notória, com o cota 200 a ser mais maduro e compotado, de grande concentração, e o Cota 400 com um perfil mais fresco, vegetal e aromático.


No caso do Estremus, é também um vinho de edição muito limitada, tendo saído de uma parcela selecionada de apenas 1,5 hectares de uma vinha plantada em 2001 às portas de Estremoz., com solo calcário com pedra mármore à superfície.
Constituído pelas castas Trincadeira e Alicante Bouschet, numa proporção de 50% cada, o objetivo é ser o porta-estandarte dos vinhos alentejanos de JP Ramos, devendo ser produzido apenas em anos extremamente favoráveis.

Notas de prova
João Portugal Ramos Estremus 2011
Antes de mais devo dizer que achei o vinho fantástico, não tenho grandes dúvidas em dizer que foi o vinho alentejano que mais me impressionou no último ano.

Um vinho que tem tudo no sítio, nariz intenso, profundo, com fruta preta (amora, framboesa), notas de barrica, iodado, especiarias, algum fumado, tudo muito sedutor. Na boca tem excelente volume e frescura, com uma acidez muito bem equilibrada com a fruta, belíssima estrutura, muito mineral, e ainda com a complexidade extra dos tostados da barrica e especiarias.
Fiquei muitíssimo impressionado por este vinho, para mim entra direto para o top dos grandes vinhos portugueses.

Carlos Amaro

Nota: Vinhos gentilmente cedidos pelo produtor




Aproveito para deixar algumas notas pessoais.

Na prova dos 2 do Douro, o Cota 200 apresentou-se no início mais em elegância enquanto o Cota 400 era algo mais intenso, mais vinoso.
Tinham narizes um pouco diferentes, mas com a mesma base aromática de grande qualidade.
No copo foram evoluindo, revelando ainda mais complexidade nos aromas.
São dois vinhos de grande afinação, que farão boa figura em qualquer mesa distinta.
Proporcionaram uma ótima prova.
Se tivesse de escolher entre os dois talvez fosse para o Cota 400, mas apenas por uma questão de gosto pessoal.
Ambos com pontuação de 18/20.

O alentejano Estremus 2011 mostrou-se um vinho arrebatador.
Foi consensual que era o melhor vinho em prova para os 3 nos copos.
Para além de ser um vinho muito bem feito, com um equilíbrio geral muito próximo da perfeição, é muito intenso e saboroso. A matéria prima usada tem de ser muito boa, só com muito trabalho na vinha e muita mestria na adega se consegue fazer um vinho tão impressionante.
Gostaria muito de o voltar a provar.
Nota: 19/20.

São vinhos muito exclusivos, que estão a ser lançados com pvp à volta dos 40 euros, mas que merecem a atenção de quem os pode pagar.


Fica também registado que terminámos este jantar com um moscatel Trilogia, um lote das 3 melhores colheitas do século XX da casa José Maria da Fonseca, acompanhado por um pão de ló de Ovar e por um Morgado do Buçaco magníficos.

Frederico Santos 



1 comentário:

Carlos Amaro disse...

Pois é, aquele final de jantar com o Trilogia foi mesmo fechar com chave de ouro.
É um vinho de sonho :-)