Estas férias proporcionou-se uma estadia de uma semana no nordeste de França. Aproveitámos umas milhas acumuladas e arranjámos uns voos para Paris - Orly, onde alugámos um carrito económico a gasóleo, um Corsa 1.3 que não gastava mais de 5 litros aos 100 (bebia menos que eu).
Apanhámos a A4 e seguimos para Épernay, no coração de Champagne, junto ao rio Marne. Uma bonita cidade cuja vida se desenrola em torno de um dos vinhos mais f
Fomos às caves Gaston Chiquet em Dizy, pois havia lá um concerto de uma mistura de rock com chanson française, que foi bastante engraçado. Este produtor tem a particularidade de usar vinhas de Chardonnay plantadas a norte do Marne, coisa que não é
Já a caminho da Alsácia, parámos em Ambonnay para visitar o produtor Egly-Ouriet, que no guia 2011 da RVF vinha com 3 estrelas, e muito boas críticas, ao nível de grandes casas como Bollinger e Krug. Gostei muito do "Brut Grand Cru Tradition" que custava uns acessíveis 28 euros. Os millésime eram fantásticos e valiam bem os 60 euros, pois nas grandes casas de champagne custam pelo menos o dobro. Grandes vinhos, com boa acidez, e um bouquet delicado e complexo. São vinhos com grande capacidade de evolução, podendo ser guardados durante décadas.
Atravessámos a província de Lorraine directamente para a Alsace, onde ficámos 4 noites em Rorschwihr, uma pequena aldeia um pouco a norte de cidade de Colmar, no coração desta região vínicola. Alugámos uma "gite", que era um segundo andar de uma casa, muito cómodo e bem equipado. Tinha uma varanda que dava para a adega de Rolly Gassman, com a encosta de vinhas por trás, e ao fundo o sobranceiro chateau de Koenigsburg. Uma paisagem magnífica.
A região é óptima para passear, mas os nomes das povoações são quase impronunciáveis, existindo muitas aldeias típicas medievais muito bem preservadas, com as suas casas coloridas com grandes traves de madeira. É uma mistura curiosa de cultura francesa com alemã, manifestando-se na culinária com pratos típicos como chucrute, foie-gras en croute, tartes flambées, enfim, um não acabar de coisas boas, regadas com o óptimo vinho branco da região.
Os vinhos alsacianos são regra geral monocasta, sendo os Grand Crus feitos com quatro castas nobres: Riesling, Muscat, Pinot Gris, e Gewurztraminer. Têm ainda dois estilos de vinhos doces, os "vendages tardives" (VT), e os "sélection des grains nobles" (SGN). São também utilizadas outras castas brancas como Pinot Blanc, Sylvaner, e Auxerrois, mas em menor quantidade. Os tintos são de Pinot Noir.
O produtor Albert Boxler, em Niedermorschwihr, tem vinhas velhas (40 anos) em encostas muito íngremes, que constituem a apelação Grand Cru de Sommerberg. Fomos lá visitá-lo com alguma dificuldade em encontrar o local, em busca de vinhos m
Outro produtor que me fascinou foi Rolly Gassman, onde tive oportunidade de provar toda a sua gama de vinhos, até porque ficava ao lado de nossa casa. Este produtor tem a particularidade de lançar vinhos para o mercado passados vários anos do seu engarrafamento, apenas quando acha que estes se encontram prontos para venda. Tem agora à venda muitos da década de 2000, alguns de 99, 97 e 94, e ainda um SGN de 89, e estamos a falar de vinhos brancos.
- Auxerrois, um vinho dócil e equilibrado, típico da região de Rorschwihr, que dizem ser muito usado em casamentos, por ser tão fácil de agradar e tão barato.
- Muscat, também algo adocicado, tem um estilo particular que não será muito consensual.
- Riesling, era bem bom, mas não é a especialidade nesta região.
- o Pinot Gris Réserve 1997, ainda com uma frescura incrível, e de grande complexidade aromática, é uma maravilha. Não acusa nada os seus 13 anos.
- Também de destacar o Pinot Gris Vendages Tardives, de qualquer ano, são todos muito bons.
- o Gewurztraminer, é um pouco no estilo do Pinot Gris, também muito leve e inebriante, mesmo no de 1999 que parece um vinho novo de tão fresco.
- o que mais gostei foi o Gewurztraminer Sélection des Grains Nobles de 1989. Depois de ter provado 4 ou 5 VT's e outros tantos SGN's, este apresentou-se como o mais intenso e mais equilibrado. Que vinho magnífico. Acabei por comprar o irmão de 1997 que não ficava muito atrás e custava quase metade.
Segue uma foto do espólio que consegui enfiar em 2 malas antes de apanhar o avião de volta, não me perguntem como.

Frederico Santos