segunda-feira, 29 de junho de 2015

Bacalhôa Moscatel de Setúbal Superior 2001

Os Moscateis de Setúbal são para mim uma perdição, quer na variante "normal" quer os mais raros Moscateis Roxos.
Não têm entre o consumidor comum a mesma fama do vinho do Porto, mas em termos de qualidade, os realmente bons estão ao nível dos melhores generosos que é possível encontrar.

Este Bacalhôa Superior 2001 passou 8 anos numa estufa com grandes amplitudes térmicas em barricas de carvalho previamente usadas no envelhecimento de whisky de malte, e o vinho resultante é muitíssimo bom.
Sedutor e viciente, com aroma a flôr de laranjeira, citrinos, passas, figos, frutos secos, um toque de ranço, num conjunto complexo.
Na boca, ainda melhora, com o toque de laranja que já vem do nariz, passas, nozes, damascos secos, tudo suportado por uma belíssima acidez a dar um bom equilibrio à riqueza da boca. Final muito longo.
O preço é muito aliciante para a qualidade, sendo possível comprar este vinho por 15€. É difícil encontrar melhor a este preço.
Se há vinhos que viciam, este é certamente um deles.
Perfeito com sobremesas à base de chocolate negro, ou então simplesmente como digestivo.

Carlos Amaro

terça-feira, 23 de junho de 2015

Herdade do Esporão Verdelho 2014

Castas: Verdelho
Álcool: 13,5%
PVP: 8€

Há vinhos que por vezes surpreendem, mesmo sendo velhos conhecidos, como é este monocasta Verdelho da Herdade do Esporão.
Bebo regularmente as colheitas que vão saindo deste vinho, e agrada-me sempre a relação qualidade-preço que mantém, mas este 2014 está num patamar de qualidade que me surpreendeu e impressionou.
 
Na minha opinião este 2014 é um grande branco. Tem um nariz muito expressivo e sedutor, com notas citrinas, algum floral e uma boa dose mineral num todo muito equilibrado.
Muito fresco  e elegante na boca. Excelente acidez a acompanhar a vivacidade da fruta, torna-se quase viciante.
Está mesmo muito bem conseguido, e torna-se ainda mais impressionante sabendo que se produziram 60 mil litros do vinho. Por este preço é um vinho a comprar sem hesitações.

Como nota adicional, este vinho foi o vencedor do Concurso Vinhos de Portugal 2015, tendo sido considerado ao mesmo tempo o melhor vinho monocasta e o melhor vinho do concurso. 
Esta foi a primeira vez que estes títulos foram atribuídos a um vinho branco.

Carlos Amaro

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Marquês de Borba Branco 2014

Castas: Arinto, Antão Vaz, Viognier
Álcool: 12,5%
PVP: 4,99€

Nova colheita do Marquês de Borba branco, pronta para o Verão que se inicia.
Este vinho é um best seller de João Portugal Ramos, com uma relação qualidade preço de assinalar.
O 2014 está muito fresco, jovem, com notas citrinas a dominarem o nariz.
Bela acidez, bebe-se muito bem a acompanhar pratos leves de verão. Ponto positivo para o baixo grau alcoólico, que o torna ainda mais apetecível para o calor.
Um bom vinho, ainda muito jovem, equilibrado, fácil, sem grandes pretensões e a cumprir bem a sua função.

Carlos Amaro

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Marquês de Borba Tinto 2013

Castas: Alicante Bouschet, Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional
Álcool: 14%
PVP:  4,99€

O Marquês de Borba tinto deve ser dos vinhos mais conhecidos de Portugal, e há boas razões para isso.
É um vinho que nunca desilude, colheita após colheita tem mantido um nível de qualidade a bom preço que o torna um sucesso.
Este 2013 mantém o perfil de anos anteriores. Está ainda muito jovem, com aroma intenso a fruta madura, nomeadamente amoras e cassis.
Elegante, e equilibrado na boca, é um vinho muito bem feito, que dá prazer a beber.
Excelente para o dia a dia e para consumo imediato, mas que não desdenha ser guardado um ou dois anos para que possamos avaliar a sua evolução.

Carlos Amaro

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Pouca Roupa 2014

A João Portugal Ramos lançou no mercado uma nova gama de vinhos, com o nome Pouca Roupa.
Estes vinhos têm um preço de referência de 3,99€, e na gama da João Portugal Ramos posicionam-se em termos de preço entre o Lóios (três euros) e o Marquês de Borba (cinco euros).
Pouca Roupa é um nome que surge ligado ao nome do monte alentejano onde está implantada a vinha que dá origem a estes vinhos.
Foram lançados um Branco, um Tinto e um Rosado, sendo que vou falar do Branco e Tinto.

Pouca Roupa tinto 2014
Castas: Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Alfrocheiro
Região: Alentejo
Álcool: 14% vol.
Estágio: Estágio em cubas de inox com micro oxigenação controlada. Ligeiro estágio em carvalho francês.

O Tinto é um vinho muito jovem, com aromas de frutos silvestres bem maduros, algum floral e notas qb de madeira.
Na boca é suave, muito polido, com a fruta silvestre muito presente, notas compotadas, algumas especiarias e final médio e seco.
No caso deste tinto, acho que o ideal será uma temperatura no máximo de 16º para tirar mais partido da juventude e fruta do vinho.




Pouca Roupa Branco 2014
Castas: Verdelho, Sauvignon Blanc, Viosinho
Região: Alentejo
Álcool: 12,5 % vol.

Nariz muito fresco, com fruta tropical e citrinos, e um fundo vegetal-
Na boca é frutado, com uma componente vegetal dada pelo Sauvignon Blanc a torná-lo interessante. Boa acidez, e final médio e seco.
Esta secura final ajuda a ir bebendo sempre mais um copo. A baixa graduação alcoólica é um ponto positivo, tornando-o mais leve.
Um branco de verão, para esplanada, mas que também acompanha bem peixes e saladas à mesa.


Num mundo onde há cada vez mais jovens a interessar-se por vinho, não é surpreendente a chegada ao mercado desta nova nova gama de vinhos.
São vinhos descontraídos, feitos para serem fáceis de beber e capazes de atrair novos consumidores. Não custam uma fortuna e apresentam-se muito bem feitos e equilibrados.
Parecem-me uma boa aposta

Carlos Amaro

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

simplesmente... Vinho 2015


Vai ter lugar nos dias 27 e 28 de Fevereiro a 3ª edição do simplesmente... Vinho, aquele que é considerado o primeiro evento vínico off português.
É uma excelente alternativa aos eventos tradicionais, um evento independente e alternativo, que reúne na Ribeira do Porto um conjunto muito interessante de produtores, que valem por si só uma visita.

Nesta 3ª edição, para além dos vinhos, há a possibilidade de degustar petiscos de restaurantes, e em cada um dos dois dias fecha-se a festa com a atuação de bandas portuenses: sexta-feira os Leo Parda e os Daltónicos; no sábado o grande final é com Thee Magnets.

Localizado na Ribeira do Porto, 27 e 28 de Fevereiro, no espaço do laboratório de investigação cultural da SKREI - Galeria Gadus Morhua.


Estarão presentes as seguintes representações:

España: Alberto Nanclares Bodegas Nanclares | Alfredo Maestro Bodegas Alfredo Maestro | José Luis Aristegui Bodega José Aristegui | Miguel Alfonso Adega Pedralonga.

Minho: Fernando Paiva Quinta da Palmirinha | Tony Smith Quinta de Covela | Vasco Croft Aphros.

Douro: João Roseira Quinta do Infantado | Joaquim Almeida Quinta Vale de Pios | Mateus Nicolau de Almeida Muxagat | Rita Marques Conceito | Tiago Sampaio Olho no Pé | João Hoelzer Quinta de Val da Figueira | Pedro Garcias Mapa | João Menéres Quinta do Romeu.

Dão: Álvaro e Maria Castro Quinta da Pellada | António Madeira António Madeira | João Tavares de Pina Terras de Tavares | Carlos Ruivo Lagar de Darei | Christelle & Casimir Fonte de Gonçalvinho | Sara & António Casa de Mouraz.

Bairrada: Dirk Niepoort Quinta de Baixo | Filipa Pato Filipa Pato | Luís Pato Luís Pato | Mário Sérgio Nuno Quinta das Bágeiras.

Lisboa: António Marques da Cruz Quinta da Serradinha | Pedro Marques Vale da Capucha.

Alentejo: Miguel Louro Quinta do Mouro | Vitor Claro Dominó | João Afonso Cabeças do Reguengo.

Madeira: Ricardo Diogo Barbeito

Portugal: Cheios de Sede Morangueiro | Young Winemakers Vadio Hobby Camaleão Clip | Luis Seabra Luis Seabra | Luísa Sarmento Skrei

Restaurantes: Joana Vieira Delicatum (Braga) | Luís Américo & Miguel Morais Casa Ribeiro | Rui Paula DOP | Cristovão de Oliveira e Sousa Ode | Ricardo Teixeira Coelho chef Coelho | Vitor Claro Claro! (Paço de Arcos)

SIMPLESMENTE... VINHO 2015
SKREI Galeria Gadus Morhua
Largo do Terreiro, Ribeiro do Porto
Entrada: 8€
Incluí: Copo Oficial, Prova de Vinhos, Degustação de Petiscos, Exposição de Arte, Música ao Vivo
Estacionamento: Infante (a 350m) e Alfândega (a 800m)
www.facebook/simplesmentevinho

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Roquette & Cazes 2008

Um dia cheio de más notícias, como hábito de passado recente. O vazio do fim de dia temperado com os paradoxos da praxe... reúnem-se todas as condições para procurar um amigo na garrafeira, decantar, respirar, descodificar...

Começa o monólogo, eu não lhe digo nada, mas ele farta-se de falar comigo. Começa tímido no nariz, mas após 10 minutos de decantação expressa primeiro notas vegetais, com o aroma da violeta bem marcado, secundado por fruta vermelha madura, afinadinho como um solista de orquestra.

Não falo da sua cor, nos meus amigos tintos estou-me borrifando para a cor, não sou mesmo nada racista.

No retro nasal expressa de novo a fruta e na boca surge clara a harmonia com a madeira, veludo, tudo muito bem casado, taninos polidíssimos. Está muitíssimo elegante, deve gastar fortunas no ginásio.

Face a provas anteriores em 2013 e 2014, evoluiu muito bem, tem vindo sempre a crescer, bem mais expressivo e definido no aroma, corpo médio mas com a finesse de uma madame francesa.
Parece estar no seu auge e recomendo consumo imediato, durante 2015.

Inspirou-me e bebi-o até à última gota, não se queixou por um segundo que seja...

Touriga Nacional, Tinta Roriz & Touriga Franca: três castas, duas famílias, um terroir...
Roquette & Cazes 2008

Mário Rui Costa